Saga à sega

Uma semente qualquer

Camuflada no chão

Nenhuma chance sequer

De ser vista pela multidão

O que importa é seu interior

E nele ainda há vida

Basta um vento a seu favor

Pra assegurar sua partida

Entre calor e pedregulhos

Sente-se distante da sua missão

Insatisfeita entre entulhos

Protege com afinco seu embrião

O seu valor lhe dá razão de ser

O que há em si faz valer a espera

E mais uma vez a se locomover

Até, por fim, cair em boa terra

Como encanta tal frescor

Anuncia que esse é seu lugar

Abraço do solo e beijo do vapor

Fundamental para fazê-la brotar

Num piscar vê-se modificada

Acha-se viva em busca do sol

Está pronta em sua jornada

Tendo o orvalho como lençol

Apesar de viver em concorrência

Traz do trajeto as recordações

Defende-se com resiliência

Superando todas as estações

Vendo as vizinhas maduras aprendeu:

Se ao atravessar o tempo perdeu folhas

Elas protegeram o solo nas raízes se choveu

Benefício que vai além das escolhas

Agora orgulhosa de sua raiz

Não lhe falta elemento algum

Ninguém sabe quanto ela é feliz

A espalhar vida a cem por um.