CORAÇÃO VERDE
Coração verde
A cor de seu amor é verde!
De seu coração nunca transbordou amor
Nem sangue, nem fogo, nem ardor
Apenas orgulho e amor próprio
Amor verde
Coração verde
Em verdes e silenciosos prados
Teu amor descansa sobre o solo
Em lugares frios e intocáveis
Estranho é, o seu amor, verde.
O amor que de ti emana
É o amor por si mesmo
Distante e pedante
Insensível e impenetrável
Sem fogo, sem adoração,
Seu amor é verde!
Coração verde
Cheio de ranço e indiferença
Cheio de veneno e incompreensão
Nem um apoio, nenhuma consolação
O amor não é verde!
Coração verde
Tu só bates
Tu não sentes
Tu só reclamas e desdenha
Ás vezes, tão amargo como a biles
Que, nervosamente, eu e tu
Vomitamos, o sentimento aquoso e verde
Quando fartos e enjoados
Tu, do meu desespero
Eu, do seu rancor e desamor
Furiosamente verde como o veneno
Em jatos, o gosto insuportável
Que mata lentamente.
Coração verde, nunca mais pirilampos foram avistados
Costumavam brilhar como a beleza misteriosa de teu olhar
Profundamente verdes e desconhecidos como o mar
Que tanto ansiei navegar
Que tanto amei até me afogar
Que, tão poucas vezes, me pareceu ser permitido
Adentrar em teus estranhos domínios de amor e desamor
Coração verde
À deriva de tua ausência
De teu silêncio e sutileza
Em que fingias não ouvir
O grito surdo de meu pedido de clemência
Em que fingias não notar
O choro salgado que inundava meus olhos
Agora, loucos, tristes e sombrios
Coração verde
Minha alma, por anos,
Arrastou correntes lamentando
Por quê? Por quê?!
O meu barco afunda?
Sem rumo, pelos mares sombrios do norte
As sereias da tristeza quando cantam me assombram!
Me apavoram, elas guincham, riem e desdenham
Revelam que foram apenas promessas de horrores
Mas as estrelas sempre brilham
Em vejo a distante luz do farol que ainda me guia
Coração verde
Que tanto amei
Incapaz de aplacar qualquer sede
Incapaz de entender o medo
Incapaz de atos bravos e sacrifícios
No turbilhão insano do seu amor
Braviamente, lutei e nadei
Engolindo a fúria de suas intempestividades
Densa, amarga, ácida e salgada
Coração verde
Meus braços foram cansando
De tentar lhe abraçar
Coração verde
Minhas pernas perderam as forças
De tanto tentar, para ti nadar
Coração verde
Seu amor me encheu os pulmões
Até me roubar não apenas a sanidade
Mas toda a minha vida e o meu ar
Coração verde
Eu te amei
Até, tudo de ti, num violento tsunami
Perseguir e inundar
Para mudar e moldar todo o meu ser
Até que, num misto de jubilo e dor,
Em ti, me afoguei e morri
E comigo morreu, doente e verde
O nosso amor.
Simoni Dimilatrov
Apátrida, 18 de fevereiro de 2017