A rapa do tacho
Eu sou o último da ninhada,
A rapa do tacho,
Enfim, o nada.
Vivo na sombra do viaduto,
Excluído de tudo,
Não fui convidado,
Para essa festa,
Da ciranda do mundo,
Não importa, não quero participar,
Sou imundo,
A sociedade me detestá.
Talvez nem humano seja,
Um aborto de um ser,
E quem vai me querer?
Não tenho senha,
Nem endereço,
Eu mesmo não me conheço,
Quando me vejo,
Não sei quem é,
E quando descubro,
Esqueço.
Então que faço aqui?
Se não participo,
Um número talvez?
Uma estatística.
Agora eu sei,
Quem eu sou,
Sou aquele
Sem conta na Suíça,
Nem delação premiada,
Aliás, que prêmio é esse?
Não quero ser sorteado,
Nem dele participar.
Só quero meu espaço,
Para poder vomitar.