Poema à desconhecida

Quem és tu,

ó doce imagem que invade minha noite

Não sou aquele que procuras

e ofereces seus préstimos e encantos

A noite, as luzes da cidade não dizem nada

ou sou eu que desconheço seus segredos?

Quem era, ao meu lado,

quando eu caminhava por entre pontes e viadutos

e não decifrei os segredos de Helena

e Tróia teceu seu destino numa batalha entre irmãos

Quem és tu,

que me visita sem ser convidada

e, no entanto, eu espero

como o noivo à amada no altar?

Que a coruja não pouse no meu telhado

Que o retrato na parede não caia

sobre o candelabro que ilumina minha noite

Já é hora da despedida

A ti, que nunca conheci,

deixo apenas a lembrança

dos versos que rasbisquei num caderno velho

esquecido no sótão de minha existência