MOTE (À VELHA EGA)

Bela Baía Tupé,

de caloroso crepúsculo.

Encantadora mulher,

de fartos seios graúdos.

VOLTAS

Cabocla, tua tez Tupé,

me acende, do olhar, a luz;

da alma, me desperta a fé.

Teu corpo ambrosia é

a eximir-me da cruz;

a curar-me o desalento.

É bela tua fonte-mulher!

Que divino firmamento!

Arrancas-me sentimentos,

Bela Baía Tupé!

Teus seios repletos de águas

despertam lascivo prazer

às mãos que a eles afagam.

A ti choro tristes mágoas,

rosário de meu sofrer.

Em teu lago azul formoso,

não há beleza algures

que alcance céu tão vistoso!

Assim me compraz o gozo,

teu caloroso crepúsculo.

Em versos doces e mansos,

te canto, índia morena!

Só com ver-te, belo anjo,

esvai-se todo meu pranto,

a alma se embala serena

nos braços do teu sossego.

Tuas curvas de Caboré

revelam meios segredos

nos remansos dos desejos,

encantadora mulher!

Teus cabelos de rio negro

refrescam meus pés descalços,

curam a dor do degredo,

libertando-me do medo

e do funesto cansaço.

Lago do boto encantado,

das pueris aventuras,

do beijo enamorado...

Ah, Baía, céu dourado

de fartos seios graúdos!