ALFORRIA

Aqui no meu Brasil

Não vejo nada de novo:

Labuta o grosso do povo

Num suar pesado e hostil

Pra alimentar o gordo canil

De uns poucos privilegiados

Podres pulhíticos safados

Se fazendo de bonzinhos

Pra tirar mais um pouquinho

Dos nossos bolsos tão minguados.

É um regime de exclusão

Disfarçado de democracia

Quem não compra sua alforria

Molhando a mão de um figurão

Sofre sem letra, sem chão,

Mais magro ainda que antes,

Pois pros nossos governantes

Melhor que tudo fique assim:

O voto é o sinal do sim

Que nos mantém ignorantes.

E pra disfarçar tanto rombo

Enquanto engorda a manada,

Melhor tirar de quem não tem nada

E conhece as dores do tombo

Quem vive sempre em assombro

Sabe que é feia a empreitada

Impostos pra onerar o povo

E cortes de benefícios

Pra compensar os desperdícios

Dos podres que roubam de novo.

Mas quem sabe um dia a Nação

Acorde desse torpor,

Redescubra seu valor,

Faça valer sua opinião

E reaprenda a dizer não

A tanta maracutaia e propina

Pois quem não opina

Os desmandos desconhece

Quiçá nesse sobe e desce

Despenquem os ruins que estão lá em cima.