E agora Brasil?

 
E agora, Brasil?
A dívida externa aumentou,
O ouro acabou,
O verde das matas desbotou,
E o rio poluído ficou.
Os peixes morreram sufocados,
A plantação não germinou,
A fome da nação se apoderou,
O cantador se calou.

E agora Brasil?
O país já não é brasileiro,
O povão está falando estrangeiro,
A esperança no futuro acabou?

E agora Brasil?
Brasil da juventude transviada,
De justiceiros calados a bala,
De poetas sem inspiração.
Brasil que era famoso
Pelas riquezas naturais,
Mas agora só é famoso,
Porque para os States
Cada dia deve mais.

E agora Brasil?
O estudo está fraquíssimo,
O salário está baixíssimo,
E a inflação virou dólar.
E agora?
O ar é irrespirável,
O sexo indefinível,
O delegado irresponsável,
O governo insuportável,
A política insustentável,
E o povão quer “Diretas já”.
Seria a solução?

E agora Brasil?
O Brasil virou colônia,
Os humildes vivem de insônia,
Por que não tentar uma revolução?
Os revolucionários morreram,
O país é acomodado,
Os jovens se acovardaram.

E agora Brasil?
A igreja defende os bandidos,
Alegando os direitos humanos,
As casas de detenção estão lotadas,
As ruas, cheias de crianças abandonadas,
E o banditismo cresce mais.
A pena de morte resolveria?
Talvez não fosse aprovada.

E agora Brasil?
O analfabetismo é surpreendente,
A população vive descontente.
O que lhe resta esperar?
A bandeira ser mudada,
A dívida externa ser saldada,
Ou o mundo acabar?
Não quero ser pessimista,
Mas não sei aonde é
Que todos os Josés vão parar.

Esta obra encontra-se no livro Rimas do coração, de minha autoria.
(Poema baseado na obra “Jose”, de Carlos Drummond de Andrade)
Nanna Fazzio
Enviado por Nanna Fazzio em 17/01/2017
Reeditado em 18/01/2017
Código do texto: T5885140
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