Palavras perdidas

Olá dama do castelo solitário nas montanhas,

passei aqui para declamar menos que um soneto,

meus talentos andam tão avariados pelo tempo,

se não for de teu agrado simplesmente me ignores,

afinal já virei um fantasma de histórias incompletas,

personagem sem finais felizes em tristes narrativas,

não abras uma fresta de tua janela para me ver,

mereço mais do que uma brecha em tua muralha,

estou sob essa chuva torrencial ébrio em meus princípios,

batendo cabeça nas portas e paredes dessa Vila provinciana,

sou apenas uma sombra na noite dos bem apessoados,

todos os sorrisos em mesas de jantares forjados,

não, não sou um louco fugitivo de algum hospício,

mas talvez ainda guarde um pouco daquela insanidade jovem,

gritando silenciosamente minha angústia em palavras perdidas...