O arrebol de sangue

Desolado, assovia uma desprezível melodia.

No alto daquela cachoeira, admira a grandeza da vida.

Tem o último sonho, contemplando a vastidão do arrebol,

Que se extingue na incerteza do crepúsculo.

Em seu peito amarga a derradeira lembrança.

Desce as quedas como rochas a colidir com as águas.

Olha assustado os arredores.

Da grande gôndola,

A mão velha e perniciosa de Caronte estendida,

Cobra-lhe o óbolo.

- Marcos Leite