PADRE
Do segundo banco, da Igreja Matriz
eu contemplava suas mãos que a hóstia sustentava.
Eram mãos divinas, assim pensei
e que aos poucos se revelavam.
 
Daquele banco me questionei,
qual seria minha vocação?
Contemplando a cruz enxerguei
um caminho de realização.
 
Sonhei um dia o Seu corpo levantar
sobre minha vida e sobre o Seu altar
e por um instante recordei
aquele Padre que um dia eu vi rezar.
 
Lembrei-me dos seus gestos simples
sustentando o Corpo e Sangue do Senhor;
Olhos fixos Nele, que encanto!
Sem duvidar da grandeza desse amor.
 
Minha resposta, então, foi-se dando
no tempo justo do meu Senhor.
Hoje, feliz me encontro
sendo Servo para outros no amor.
 
Mas aquela singeleza que me encantou
hoje não me encanta mais,
pois descobri em meio a dor
quão fraco na fé eu sou.
Que não sou eu que O sustento
mas sim Ele, com Seu divino amor.
 
Então compreendi minha vocação.
Dom supremo de um Deus irmão.
Ele que me chama todos os dias,
sabe dos meus limites e escuta meu clamor.
 
Só Lhe peço meu Senhor
que minhas mãos ergam hóstias consagradas aos céus,
e que esse gesto de adoração
encante outros para a missão.