Menino, eu e os moinhos.

Ele nasceu em um tempo,

Em que as amarguras eram estáveis.

Os corações batiam descompassados,

Tempos de guerra, tempos de paz.

Tempos de inocência,

Tempos de menino.

E a vida o despertou então.

Com as suas leis e normas de homens,

Que diziam que ser certo era ser igual.

Mas as maldades nos olhos,

O chicote, as balas que zuniam,

As torturas nos porões dos loucos,

Era que ditavam as regras.

E o menino sentiu no sangue,

Que nas ruas via escorrer,

Que o certo era errado,

Mas eles tinham o poder.

Então sua mente se abriu,

E seus olhos de menino,

Descobriram um novo amanhecer.

E o menino cresceu,

Com seu coração de gigante.

E se viu lutando as mesmas guerras,

Que viu outros lutarem antes.

E em suas batalhas sangrava,

Como sangraram seus heróis.

Perdia, mas não desistia,

Porque no seu interior sabia,

Que seria um dia vencedor.

E o menino se tornou homem.

O homem se tornou velho.

Mas as suas velhas batalhas,

Continuam as mesmas.

Era um, de coração puro e doador.

A todos se doou , e a ninguém agradou.

Hoje guerreiro solitário e cansado,

Perdido em seus pensamentos,

Um don Quixote amargurado,

Sem seus moinhos de vento.

Antonio Candido Nascimento
Enviado por Antonio Candido Nascimento em 08/12/2016
Reeditado em 08/12/2016
Código do texto: T5847262
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