HUMANIDADE
Mosca humana pousada
Sobre a poesia evacuada
Pelo morto humano
Antepassado.
Homem que sonha e produz.
Homem que produz e morre.
Homem que consome e sonha
O sonho amarelado dos finados.
Vão-se os humanos,
Anos após anos.
Seguem os sonhos
Dos humanos mortos.
Sonhos decompostos,
Ingeridos por humanos
Vivos por enquanto,
Mortos de sonhos.
Não é do homem o sonho humano.
É do abstrato do homem,
Da natureza humana,
A vulga humanidade.
Humanidade que paira
Até o fim dos anos,
Por sobre os humanos,
Vivos por enquanto.
Pobre vivo,
Que aduba o sonho vívido
No sonho lívido podre
Do poeta morto há anos.
(Brasília, 19 de março de 2016)