O INVISÍVEL
Quem é aquele sentado na calçada?
De mão estendida e de boca fechada?
Com um olhar perdido e barba crescida
Um estranho comum de imagem esquecida
Cabelo mal feito e roupa surrada
Invisível às pessoas que passam apressadas
Talvez a espera de um gesto fraterno
Qualquer atitude que alivie seu inferno
Com a mão estendida pedindo socorro
Divide a comida com um faminto cachorro
De existência irritante aos “nobres” vizinhos
Não o admitem em seus “sagrados” caminhos
Pessoas vazias de caridade e amor
Endurecidas, egoístas e de profundo amargor
Uma manta rasgada para a noite que esfria
No lixo é encontrado o alimento do dia
Com ele é guardada toda uma história de vida
De passado mais digno e uma família perdida
Agora um pedinte de corpo adoentado
Um irmão a espera do sofrimento findado
Assim caminha a “desumana” humanidade
Miserável de afeto, nessa patética cidade
Mas como a justiça há sempre de ser feita
Chegará implacável nos obrigando a colheita...