Quero, não respiro, ar

Não quis secar os cabelos

Nem mesmo embelezar,

Queria mesmo olhar no espelho e me enxergar

Sem brincos, pulseiras, e tranças (e transas)

Ser somente aquilo que possuo ao me fechar.

O carro estava a me esperar

A música? Não queria a mesma

Aquelas vulgares, que não te fazem parar...

Ouvi um piano fraco, eu era verso a me dominar.

Por que resolvi me calar?

A voz era pouca, para quem tem muito a falar

Difícil até caber no meu pensar...

Não havia tanto espaço para mim, naquela sala sem ar.

Tudo parecia um tremendo mal-estar

Sonhos procrastinados, deixados de lado só para agradar

Aquilo que chamam "viver": nunca perder, apenas ganhar.

Minha mente é fraca para isso, só quer admirar

Meu ego reclama ser suprido,

Enquanto minha sensibilidade não falhar

E se alguém se aproveita disso,

Só me põe a decepcionar, minhas entranhas querem chorar

E olha, eu nem, ao menos, quero me encontrar!

Por enquanto só ler, ouvir, cheirar, sentir e enconstar

O tato, olfato, visão experimentar.

Me responda:

Podem o cotidiano poetizar,

Então por que colocam a vida, em segundo lugar?

Nanda Martinez
Enviado por Nanda Martinez em 20/10/2017
Código do texto: T6148047
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