Quero, não respiro, ar
Não quis secar os cabelos
Nem mesmo embelezar,
Queria mesmo olhar no espelho e me enxergar
Sem brincos, pulseiras, e tranças (e transas)
Ser somente aquilo que possuo ao me fechar.
O carro estava a me esperar
A música? Não queria a mesma
Aquelas vulgares, que não te fazem parar...
Ouvi um piano fraco, eu era verso a me dominar.
Por que resolvi me calar?
A voz era pouca, para quem tem muito a falar
Difícil até caber no meu pensar...
Não havia tanto espaço para mim, naquela sala sem ar.
Tudo parecia um tremendo mal-estar
Sonhos procrastinados, deixados de lado só para agradar
Aquilo que chamam "viver": nunca perder, apenas ganhar.
Minha mente é fraca para isso, só quer admirar
Meu ego reclama ser suprido,
Enquanto minha sensibilidade não falhar
E se alguém se aproveita disso,
Só me põe a decepcionar, minhas entranhas querem chorar
E olha, eu nem, ao menos, quero me encontrar!
Por enquanto só ler, ouvir, cheirar, sentir e enconstar
O tato, olfato, visão experimentar.
Me responda:
Podem o cotidiano poetizar,
Então por que colocam a vida, em segundo lugar?