Não confundas a violência do opressor com a reação do oprimido

Eu grito morte

Eu grito ódio

Grito por sorte

Pois nem mesmo meu grito é tão sórdido

Eu grito morte

Pois na rua

vestida ou nua

terei eu que gritar socorro

Eu grito morte

pois mesmo gritando morte

sou eu que morro

Não confundas o meu grito

com teu ato

Pois eu mulher: grito

Eu homem: mato

E por mais alarde que eu faça

Por mais alto que seja a gritaria

Eles ainda bebem

meu sangue na taça

E ainda riem

da minha dor em zombaria

Por mais alto que eu grite

serei tratada como louca

Por mais alto que eu grite

as únicas consequências serei eu rouca

Porque mulher não tem voz

não opima

e teme

Mulher é bunda

que empina

geme

Só aceitam minha boca aberta para o prazer

mas eu abro minha boca pra dizer

que grito morte aos homens

pois eu mulher cansei de morrer.

Maria Rodrigues
Enviado por Maria Rodrigues em 20/11/2017
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