Eugenia Flora Taciturnus

Recitei versos tolos

No escuro da madrugada

Como quem fala consigo

Mas não diz nada

Cantorolei notas na mente

De uma inexistente,

Estranha melodia

Deitei o corpo nas emoções

E o silêncio me abraçava e ria

A rua vazia era sombra gigante

De pequenos insetos noturnos

Paredes mal acabadas

Sacadas vazias

E árvores desfolhadas

Ventava mais em mim agora

Do que na noite escura e densa

Vasculhei-me a esmo

Sem pedir licença

Entrei em mim

Sorri pra mim no espelho incerta

Pulei janelas

E não deixei portas abertas

Eu era a mão que me colhia

E a fruta que brotava

Sementes que semeei calada

Nesse devaneio torto e noturno

O ambiente agora é quarto escuro

E inquietações da madrugada

Sem expressão

Sem luz

Sem nada

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 23/10/2017
Código do texto: T6150804
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