Registros
 
Maculado por destino
Registro a essência no cotidiano.
O que permanece, encanta;
O que se esvai, espanta.
Retira fantasmas da alma aflita,
Emana...
E minha identidade é lida nas paredes.
Na madrugada silenciosa, projeto
Meus dedos cansados de tatear.
Olho, percebo o contorcer do braço.
Fatigado do escárnio, me safo.
Faço gesto de descontentamento.
Ninguém vê.
A sombra imita o pensamento hostil
E por mais educado que a mão seja, o registro é fútil.
Na mente, surge a memória da fragilidade.
Ser imperfeito que degola os paradigmas.
A sombra diz mais de mim.
Ela reflete o meu interior.
Seu registro é registro unitário.
Traço da falta que latente, me entende.
Se olho a mão projetada,
Vejo o desejo que treme... não admito.
Temo ser de fato real, ocupo-me em ser reflexo.
Basta apagar o foco de luz
Pra restar os registros desta alma pungente.
Trago a mão até os olhos...
Durmo, sonho... amanhã serei eu ,
Ser errante, amante, temente.
Resta apenas uma linha de salvação
Não acender a luz e transgredir no real do corpo.
Afinal, sombras são sombras.

Foto de Adão Roberto da Silva