Envelhecer

 
Dos anos que ainda me restam, eu pouco sei.
Será o dobro do que já vivi?
Ou metade do que sonhei?
Não sei.
 
Percebo apenas as marcas do tempo.
Chegam devagar, instalam-se e desdenham,
das forças que ora tinha.
Prova que não sou eterno
muito menos aquilo que me convém.
 
Sou a estrada que percorri.
As paradas que experimentei.
Sou as noites que sonhei.
As tardes que chorei.
 
Sou mais velho do que ontem,
do amanhã, nada direi.
Sou presença feita de ausências.
Rugas profundas - cicatrizes.
 
Este tempo incontrolável
rasga o peito com incertezas.
Na dúvida, relembro a calçada
o giz de cera, a cerca.
 
Relembro a bola, a viola,
o capim que corta e as deixas...
de um tempo que me fez envelhecer,
mas não esmorecer em queixas.
Foto: Adão Roberto da Silva