SOU EU?

Não gosto de bajulação

Nem tampouco do interesseiro

Gosto de andar na contramão

E dormir bem no travesseiro

Aprecio o natural

E a inquietude humana

O instinto do animal

E da emoção insana

Sou de aço, sou de pano

Dependendo da condição

A certeza do engano

Uma luz na escuridão

Para poucos conhecido

Para muitos "a sentença"

De certa forma agradecido

Pela sua indiferença

Um menino agitado

Pelo corpo e pela mente

De caminho esburacado

Impulsionado para frente

Hoje, homem das cavernas

Meio antissocial

Minha fogueira uma lanterna

Para enxergar o que há de mal

Passo longe da maldade

Mas a vejo todo instante

Nessa nossa humanidade

De futuro preocupante

Observo a loucura

Escondida em todos nós

Não me canso da procura

Onde ecoa minha voz

Sou uma obra inacabada

Tendo o resto a encontrar

Uma gota orvalhada

Escorrendo para o mar.