TARDES DO CERRADO

É o entardecer no cerrado das tardes de todo dia

Solitário no silêncio, chega à noite e, o olhar, tardia

Se tarde é, todavia, o tardar apressa a hora vazia

Enchendo de quimeras a noite que no céu sombria

E neste breu do entardecer que a noite tão pedia

O sol no horizonte abrasa-se e o adormecer regia

Nos galhos tortos, recria, tal qual o poeta na poesia

Em um entardecer rubro, árido e de aspereza fria

Vem a tarde, chega à noite valsando em melancolia

Onde o vento entre as secas folhas no tardar rodopia

E o tempo e saudades no peito se fazem em sinfonia

Para haver outra tarde, outra noite, haver outro dia

Sem saber se é pranto, choro ou remia que prazia

Adentro no entardecer do cerrado que a noite espia

Com seu luar gigante, reluzente que o denso lumia

Vai-se a tarde, num lusco e fusco, e a coruja pia...

© Luciano Spagnol poeta do cerrado

Março, 2017, 18'00" - cerrado goiano

Canal no YouTube:

https://youtu.be/2jnu1Mi9bus

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 29/03/2017
Reeditado em 29/01/2023
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