Abrangência


já vivi de todo jeito
uma vida nada segregada, eu diria
de morrer não tenho medo
ainda que na mocidade
se bem que não sou mais mocinho, plena atividade

mas a morte não é mais aquela
e de viver sou apenas aprendiz

se a morte vier, essa atrevida
saberá que minha vida foi vivida

já morri pra muita coisa ou coisa alguma
tenho marcadas no lombo as minhas cicatrizes

morrer deve ser onírico
sonhar em grutas
com canto lírico

de morrer, repito, não tenho medo
em Deus terei eterno abrigo

importa, isto sim, qual foi a minha abrangência
o que terei deixado de legado

Inspirado em CONTINGÊNCIA, da poetisa Ene Ribeiro