RESPIRAÇÕES DAS SETE VELAS ACESAS, APAGADAS (*)
RESPIRAÇÕES DAS SETE VELAS ACESAS, APAGADAS (*)
Marlos Guedes, 02.10.2017
Quando assassinei o diabo
Encontrei a liberdade e a respiração do animal inteiro
Os preconceitos contra a mulher, contra a negra, vomitei!
O vômito tinha cheiro quente de enxofre
- Cinzas da inquisição, dos chicotes e troncos de amarração...
Enxofres que me fizeram engolir, ainda menino, na escola, na igreja, na sociedade.
Construí minha própria sensibilidade
A vagar, como poeta, pelas estradas deste mundo!
Um dia fui a uma vila, a Villa Ritinha
Já era noite escura
A lua se escondia em lugar escondido
Algumas estrelas cintilavam suas luzes ternas, preguiçosas!
E a dama, sensível e livre como é,
acende as sete velas!
E o escuro dá lugar à luz
Faz poéticas de sete poetisas sobre a liberdade, dramas da vida!
Enquanto um moço, jovem ator e músico,
- com um pouco d'água derramado na garganta -,
fez sons das cachoeiras a banhar o ambiente.
O movimento das águas, das vozes de uma voz só, dos gestos cênicos, dos olhos e suas expressões, dos panos finos que dançam sobre seu corpo em movimento...
A arte livre, sensível, da vida viva e suas danças!
E ao final, o picadeiro se recolhe daquele momento
A dama sopra sobre as luzes das sete velas
Elas se balançam e se apagam, mas não morrem
Seguem nas almas, no corpo, na mente....
Aos sensíveis, a respiração das chamas das sete velas acesas!
Aos insensíveis, à escuridão! Apagadas!
(*) Interlocução poética inspirada no espetáculo MULHERES DE SOL E SANGUE, monólogo poético, da atriz e poetisa Daniela Câmara. Espetáculo com a musicalidade e efeitos sonoros de Rodrigo Santos. Aconteceu no em 30.09 no Villa Ritinha - Rua da Soledade, 35 - Recife.