Não culpo a ninguem, nem mesmo aos que  me deixaram padecer e que me causaram pranto.
Não culpo a Deus por liberar minha alma para o mundo e ter me dado o livre arbítrio
Não culpo a vida por não entendê-la.
Não culpo minha mãe por ter me gerado.
Não culpo meus filhos.
Não culpo o que beija minha fronte e me toca.
Não culpo a natureza das pessoas miseráveis.
Não culpo àquele que me molestou ainda na minha inocência.
Não culpo a quem não cuidou de mim na infância.   
Não culpo!

O meu cárcere está dentro de mim, custou a entender mas enfim entendi.
A minha dor é minha e os que podem me ouvir fazem o que podem.
Os que podem me ouvir andam velando meu sono.

Estou presa dentro de mim e as grades estão enferrujando juntamente com meu coração. É isso: eu estou cansada! Vou esperar a hora de partir pra Terra do Nunca. Eu acho que lá deve ser bom, né? Vou perguntar ao poeta que escreveu sobre esta terra, vou perguntar ao poeta...
Ele escreveu também sobre um tal "rio"... Quem sabe eu não voe pra lá de olhos fechadinhos.

Eu acho que já posso partir.
Eu fui amada, desejada, cortejada
Eu criei 37 gatos
Eu gerei 3 filhos
O poeta me dedicou 2 versos

Eu toquei os alarmes das casas
Eu tomei banho de chuva
Eu senti orgasmo dentro do coletivo
Fui pra Bahia...

Eu dormi no braço mais cheiroso e gostoso do mundo!
Eu tive o amor da minha vida em meus braços!
Eu conheci minha alma gêmea e ela me deu um amor que era tão impossivel de ter (lagrimas rolam)

Eu dancei nos melhores palcos.
Sim, eu sou bailarina!
Eu sempre vejo minha mãe e o cheiro dela continua o mesmo
Meus maiores defeitos foram admirados por alguém e aceitos.

Deixem-me ir!
Eu vivi bastante, agora estou cansada!
Não me culpem!


 
Esmeralda V
Enviado por Esmeralda V em 10/08/2017
Reeditado em 12/08/2017
Código do texto: T6079682
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