Não faça feliz

Não se deve por em alguém a responsabilidade de garantir a própria felicidade, ou mesmo fazer do estado um relacionamento qualquer, condição para o próprio bem-estar. O desgaste em relações de dependência é constante para todos os que se envolvem, já que toda satisfação possível sempre será insuficiente e frustrante. A necessidade excessiva de aceitação, dá vazão a sentimentos ruins que adoecem as melhores intenções, criam verdadeiros monstros irreais de medo e desconfiança. Não há como fazer funcionar uma vida em função de outra e cada um precisa buscar preencher suas próprias lacunas e se realizar nas diversas áreas que a vida oferece.

Em meio a incessante e popular busca pela felicidade e pelo bem-estar pessoal, posicionar-se no outro extremo pode ser um simples disfarce do primeiro. Ter em mente que somos parte de um todo e que o contentamento também está em significar em outras vidas, nos ajudará a ver de forma mais ampla. Fazer alguém feliz não é da alçada de ninguém, mas isso não impede que o prazer de fazer bem a outro traga satisfação inestimável. Cada esforço empregado na manutenção de nossas amizades nos ajuda a lapidar a nós mesmos, colocar-se no lugar de alguém nos faz mais empáticos, estender a mão a quem necessita nos estimula a prosseguir com mais garra, oferecer um ombro nos faz mais sensíveis e receber amor pode trazer quem está mergulhado na própria dor a uma realidade menos dura. O olhar de quem ama mantém viva a esperança e insiste em acreditar simplesmente.