Encontro

Você passou por mim como um vento que uiva tão sereno que quase não o sinto, meus olhos imediatamente te buscaram: eu precisava te ver de novo, nem que fosse por uma fração de segundo desde que o meu sol colidisse com o seu planeta. Seu cheiro exalou pra todo canto, eu quis que o tempo parasse só pra eu aproveitar aquele momento em que o seu perfume adentrava os meus pulmões, embriaguei-me de você. O meu coração já não bombeava mais sangue, bombeava tanto amor que eu achei que ele explodiria por você, ele batia tão depressa que eu achei que você era capaz de ouví-lo. Eu sempre imaginei como seria encontrar você numa esquina qualquer em que a minha rotina esbarrasse na sua e me faria sair de órbita. Mas encontrei você ali esperando o ônibus, com um ar tão desesperançoso que acreditei que o ônibus acabara de sair. Passei por você, senti que ali mesmo eu iria desfalecer no chão porque eu não sentia mais o meu corpo. Imaginei que você seguraria o meu braço me impedindo de prosseguir e diria: você está aqui. Mas você nem sequer olhou pra mim. Você sentiria o que eu senti se tivesse me visto? Você balbuciaria algumas palavras ou entenderia que aquele era o fim? Continuei andando ainda sem respirar, olhei pra trás e seus olhos cruzaram com os meus. Sorri anestesiada por uma sensação que me corroía os órgãos, você sorriu de volta. "Eu te amo", sussurrei baixinho para que fosse mais um desabafo do que uma confissão, você me jogou um olhar confuso sem entender o que eu verbalizava. Segui meu caminho sem olhar pra trás de novo, sem saber que te deixara pela segunda vez. Mas dessa vez, meu corpo todo dizia: adeus.