A razão de eu ser como sou

Eu sou uma pessoa que está sempre com um sorriso na cara e isso faz com que muitas pessoas me perguntem a razão pela qual eu estou, ou pareço estar, feliz.

A verdade é que nem sempre fui assim.

Acho que a minha vida se pode dividir em duas partes, uma parte antes e outra parte após a morte da minha avó.

A minha avó morreu quando eu ainda era um miúdo inocente, tinha apenas 9 anos. Como a minha avó tinha e ainda tem um papel muito importante na minha vida, foi um choque para mim receber essa notícia.

Foi uma fase difícil da minha vida, mas que serviu para que eu começasse a pensar mais na vida.

Para mim, naquela altura, foi muito difícil perceber o porquê de a minha avó ter partido, ela que era a pessoa mais bondosa que jamais conheci. Isso fez com que eu começasse a duvidar da maravilha da nossa existência, ou seja, comecei a pensar que secalhar o mundo em que vivemos não seria um conto de fadas, e que a realidade poderia ser muito cruel.

Então pensei que, já que não sabemos o nosso futuro e que, de um momento para o outro, podemos nunca mais estar aqui, para quê viver triste? Achei que devíamos ser felizes.

Para além disso, a minha avó sempre foi uma mulher que tentava transmitir alegria às pessoas próximas delas, e eu tento fazer isso também, numa forma de "preservar" a existência dela, ou seja, eu tento transmitir alegria às pessoas porque era o que a minha avó fazia, e penso que fazendo isso estou a fazer que também a minha avó esteja presente aqui.

Poucas pessoas me viram triste ao longo da minha vida, porque em primeiro de tudo eu sempre fui uma pessoa que acha que não se deve "chatear" os outros por causa dos nossos problemas. Se eu tive um problema em casa, não vou para a escola mal humorado, porque isso não resolve o problema que tivemos e porque os meus colegas não têm culpa desse problema.

Também poucas pessoas me viram e ver-me-ão triste porque a partir da morte da minha avó eu deixei de ter razões para que houvesse tristeza. Para mim, ela era muitíssimo importante, pelo que todos os "problemas" que eu tenha agora se tornem insignificantes quando comparados com a morte dela, o que faz com que nem pareçam problemas e se tornem muito fáceis de ultrapassar.

Por todas estas razões é que eu agora vejo que a morte da minha avó foi uma coisa muito má como é óbvio, mas ao mesmo tempo fez com que ela fosse para um sítio melhor e que eu começasse a ver o mundo de outra maneira, o que me tornou numa pessoa melhor!

Nuno Carvalho
Enviado por Nuno Carvalho em 28/04/2017
Reeditado em 29/04/2017
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