Retrato não revelado

Em meio aos meus desabafos suas

palavras surgiram como um abraço.

Minhas declarações que só em mim

guardo.

Meu olhar que ao longe fita a

viagem que me pôs poço abaixo e

vedou o sorriso de meus lábios.

O ser interior que se tornou um

trapo.

E o exterior que nem recordo pois

de minha memória ela furtou os

relatos.

Memória esta que confundia o real

do falso e me sentia nua e com os

pés descalços.

Havia atado em meu pescoço algo

como sendo um laço e adormecia

sempre com o corpo anestesiado.

Quantas vezes pensei em parar e

hesitei.

Quantos amigos deram ideias de

valor e eu recuei.

E tantos outros que ofereceram

ajuda e eu disse estar tudo bem.

Um peso constante que na mente

carreguei.

E a coragem com a qual os deletei.

A brisa que trouxe o riso

Porém levou o que havia de mais

bonito.

O branco de paz se transformou na

alma um tom negro voraz.

Já não havia sentido.

Busquei ao fundo ter de volta o

brilho.

Fui tão longe que perdi a direção

em um lugar sem luz e sem

retorno.

Me restou apenas gritar por socorro.

Já não se ouvia minha voz naquele

frio e vazio poço.

A ilusão de pensar que ela poderia

me trazer diversão.

Só fez aumentar as batidas do meu

coração.

E surgiu a inconstância de minhas

relações.

Já não me importava com minhas

emoções.

Me tornei um corpo frio e sem

reações.

Em meio a uma intensa dor que me

consumia pude ver diversas

frustrações e por trás de cada uma

delas suas respectivas soluções.

Decidi dar um basta

E dar vida a determinação.

Hoje sou o olhar que reluz em meio

a escuridão.

E que usa papel e caneta apenas

para dar vida ás palavras que

tornam em si fonte de inspiração.

Francielle Benevides
Enviado por Francielle Benevides em 18/01/2017
Código do texto: T5886067
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