O Sol

Como não ser clichê sendo? Você me fez (re)descobrir muitas coisas. Fez com que eu olhasse aquilo de ruim que fui para os outros. Ruindade não é bem a coisa certa a ser dita: eu só fui uma incessante máquina destruidora de expectativas alheias. As fomentava como cartas a serem empilhadas num castelo para bater o dedo na quina da mesa em seguida. Sempre sem querer. Querendo. Talvez seja o que você é agora. Com a singela diferença de que você é sincera. Debochadamente sincera. Expor o pensar sobre o outro soa esquisito... Histórias repetidas com diferentes pessoas. Penso que evoluo a cada topada - dessas que me desarmam e me desanimam e me jogam escarrado à sarjeta - que dou, mas, bem, é uma topada: topo e paro. Estagno. O filme é repetido, o final é igual. O que evolui é a capacidade de introjetar maiores doses de morfina onde dói. Dependendo da necessidade, se a dor for útil.

[A dor de sentir esse calafrio jubiloso sempre que vejo seu jeito-sem-jeito largando a bolsa em cima da mesa e abraçando meu gato].

É tudo tão sem propósito nem substância.

Vazio e perfunctório.

Unilateral.

Esquisito

E mágico.

[São esses palitos de dentes que ponho de sustentáculo às minhas pálpebras que me fazem olhar diretamente para o sol o dia inteiro e ficar completamente cego].

The Who - Behind Blue Eyes

18/04/2016

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 18/04/2016
Reeditado em 18/04/2016
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