TEACHER VI - SAUDADE - CAP. 6

SAUDADE – Capítulo 6

Régis foi enterrado na manhã seguinte e à tarde ficaram só os mais amigos na casa, fazendo companhia a Rupert que quase não havia falado nada, desde que encontrou o pai morto, apenas o necessário para as providências do velório e do enterro. Tereza e mãe o ajudaram nessa triste missão.

Sentado à mesa da cozinha com Laura, Tereza, Sara e com Décio e Nelson encostados na pia, ele girava pensativo um copo de vidro sobre a mesa.

- Você não quer ir lá pra casa agora, meu bem? – Laura perguntou, colocando a mão sobre a dele. – Não convém ficar aqui lembrando... Seo Regis é pra ser recordado vivo.

- É isso aí, Rupert, concordou Tereza. – Vai com a Laura. Eu e a mamãe ficamos aqui e fechamos a casa pra você. Amanhã você pega a chave na minha casa. Vai descansar.

- Eu estou bem, gente. Estou bem. Vocês é que devem estar cansados. Eu ainda cochilei um pouco, mas tem gente aqui que eu sei que ficou acordada a noite inteira.

Ele olhou para Tereza e Nelson.

- Não sei nem como agradecer...

- Que é isso, cara? - falou Nelson. – Eu não conheci teu pai, mas... pelo monte de gente que apareceu aqui, ele devia ser um cara dos nossos.

Rupert conseguiu rir do jeito dele falar, mas acabou por apoiar a cabeça na mão e começou a chorar sentido.

- Desculpa, Rupert... Nelson falou, preocupado. – Eu não quis...

- Tudo bem, Nelson, tudo bem... Ele era dos nossos mesmo. Se eu não tivesse ouvido os conselhos dele... acho que nem estaria com a Laura agora. Teria... desistido de tudo... Foi ele que me deu... a dica de que eu poderia ter a faculdade e ela. Que ninguém podia me fazer escolher entre as duas que juntas me fariam feliz... Devo tudo isso a ele... Queria ter dito isso a ele...

Ele parou de falar porque a emoção não deixava. Laura o abraçou, chorando também. Sara saiu da cozinha e foi para a porta da sala, puxando Nelson pela mão. Ele também havia se emocionado muito.

Encostada no muro da varanda, Sara respirou fundo e olhou para o céu nublado.

- Deve ser horrível, não? – ela perguntou, enxugando o rosto.

- É... ele falou, apoiado no murinho. – Meu velho está em Brasília. É adido cultural... Nunca pensei em algum dia passar por isso por causa dele... O Décio me disse que o pai do Rupert era um bêbado, nunca fez nada por ele a não ser explorá-lo desde garoto e tentar ferrar a vida dele, mas... ele está lá dentro chorando daquele jeito pelo pai... Acho que eu vou morrer quando acontecer isso com o meu, Sara...

Ela olhou para ele e sorriu triste.

- Vamos sair daqui? – ele sugeriu.

Sara concordou.

- Topa uma Coca Cola ali no barzinho da esquina?

- É uma... ela disse.

Nelson pegou a mão dela e eles foram juntos tomar o refrigerante.

Já no apartamento de Laura, Rupert ficou como anestesiado, deitado na cama, olhando para o teto em silêncio. Não conseguia dormir, apesar de estar muito cansado.

Laura entrou no quarto e ficou olhando para ele preocupada. Apagou a luz do quarto, acendeu os abajures e deitou-se a seu lado. Beijou seu rosto e perguntou:

- Sentiu isso?

Ele fechou os olhos e uma lágrima rolou por seu rosto.

- Senti...

- Olha pra mim.

Ele o fez lentamente.

- Eu estou aqui, sabia? Agora eu sou a pessoa que mais te ama no mundo. O papai Régis me deixou você de herança. Você está sob minha tutela. É meu de papel passado e tem que fazer o que eu quiser, pelo resto da sua vida.

Rupert sorriu entre as lágrimas e virou-se para ela, encostando seu corpo no dela.

- Nunca pensei que eu fosse sofrer tanto... Cheguei a odiá-lo um dia, meu Deus...

- Psiu... Fica quietinho, fica. Dorme.

Ela colocou a mão em seu rosto e sentiu a pressão da mão dele em seu corpo e seus soluços.

- Você também tem que descansar. Meu filho... viu o avô ser enterrado hoje. Não vai nem conhecê-lo... Ele queria tanto ver esse neto, Laura...

- Ele vai ver, meu amor. Onde quer que esteja, ele vai ver.

Rupert ficou em silêncio. Demorou a dormir, mas dormiu. Laura ao contrário não conseguiu pregar olhos. Também sofria com a morte do sogro, mas precisava ser forte para ajudar o marido.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 6

Velucy
Enviado por Velucy em 15/11/2017
Código do texto: T6172210
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