TEACHER VI - DÁRIO CAMPOS LEME - CAP. 3

DÁRIO CAMPOS LEME – Capítulo 3

Rupert entrou na sala do reitor até bastante calmo, apesar de ainda muito triste. Mas a prova de amizade de seus colegas havia dado a ele um novo alento.

Dário Campos Leme era um homem alto, mas não muito velho, apesar dos cabelos precocemente brancos. Seu olhar não convidava a conversas informais. Parecia muito austero e disposto a sempre tomar decisões bem práticas e definitivas, como Gerson mesmo o havia descrito.

O próprio Gerson estava em pé ao lado de sua mesa muito sério de braços cruzados, mas isso até que amenizava as coisas. Pelo menos havia ali um rosto mais conhecido e, de certa forma, amigo.

- Sente-se, Lauter, mandou o reitor, apontando a cadeira, seco como o deserto.

Rupert obedeceu.

- Bom, eu não vou enfeitar nem amenizar as coisas porque elas realmente não estão nem bonitas nem amenas, como você deve muito bem saber. Já sabe também porque foi chamado aqui, não sabe? Preciso te esclarecer?

- Não, senhor.

Dário cruzou os dedos da mão sobre a mesa e olhou nos olhos dele com seus olhos azuis penetrantes e começou:

- Você fez, na minha Universidade, o que um aluno jamais fez em vinte e cinco anos. Isso é mais do que a sua própria vida, tem noção disso?

Rupert baixou os olhos.

- Tem, garoto? Me responda!

- Tenho, sim, senhor, o rapaz respondeu com o coração aos pulos no peito.

- E você com certeza achava que ia sair ileso disso, não?

Rupert engoliu e seco e balançou a cabeça, negando.

- Fale em voz alta!

- Não, não achei.

- Riu da minha cara e de toda essa instituição de ensino por mais de um ano!

- Não, senhor...

- Você pode ter acabado com a sua carreira e com a carreira de uma de nossas melhores professoras. São dois prejuízos! Um pra mim e outro para o país, que vai ganhar um desempregado a mais! Um assalariado a mais! Você ao menos pensou nisso antes de se meter nessa confusão?

- Pensei, sim, senhor…

- Hum… Pensou e pensou também que o lesado do reitor não descobriria nunca, não?

- Nunca menosprezei sua autoridade, professor Dário, só... confiei demais nas pessoas à minha volta.

- E abusou da confiança do diretor do seu curso, o professor Gerson.

- Sinto muito por isso também. Ele foi um grande amigo...

- Só que eu não posso me dar ao luxo de ser amigo de ninguém aqui dentro, rapaz. Se você, que tem um histórico exemplar nessa faculdade, fez isso, o que posso esperar daquele aluno que está em Dependência todos os anos? É um sorriso na frente e uma facada nas costas!

Dário bateu com o punho fechado na mesa e se levantou, afastando-se dela. Assustou até Gerson que olhou para Rupert penalizado. O rapaz mal respirava.

- E não pense você que eu não fiquei sabendo dessa... greve que seus colegas de curso estão fazendo na sala do Quarto ano agora! Vou perder uma sala inteira se tocar num fio de cabelo seu! Está feliz?

Rupert fez força para não rir de nervoso.

- Eu não os incitei a isso, professor. Achei a ideia... bem maluca. A decisão partiu deles.

- Situação cômoda pra você e dificílima pra mim. Posso perder minha autoridade depois disso porque os pais desses alunos vão querer saber o motivo de tudo isso, e é tudo sua culpa!

Rupert respirou fundo, agora sentindo o peso da situação. Não havia visto a situação com aquela amplitude.

Dário aproximou-se dele e encostou-se na mesa.

- Você veio até aqui porque também está curioso pra saber da minha decisão, como seus coleguinhas, naquela sala de amigos malucos que você tem e que te apoiam nessa sandice, não é?

Rupert ergueu os olhos para ele, em suspense.

- Não vou te expulsar do curso, Lauter.

- Não…? - ele perguntou, com a voz quase não saindo da garganta.

- Não. Não posso tirar sua bolsa de estudos por dois motivos: primeiro, porque foi dada a você por um amigo pessoal e muito querido meu, Maurício de Abreu, já falecido, devo muito a ele e seus papéis na secretaria estão assinados por ele; segundo, não posso me arriscar em duvidar da cabeça desse bando de loucos que querem segui-lo, que não é a torcida do Corinthians, e que ameaçam deixar a faculdade se eu o expulsar... A vaga ainda é sua.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 3

Velucy
Enviado por Velucy em 14/11/2017
Código do texto: T6171284
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