TEACHER III - PRAGA - CAP. 10

PRAGA – Capítulo 10

Na manhã seguinte, estavam os três tomando café na cozinha quando bateram na porta. Rupert e Laura se olharam e Régis falou:

- Vou atender.

- Não, pai, deixa que eu vou. Até você chegar na porta com essa perna, a pessoa vai achar que não tem ninguém em casa e já foi embora. Deixa. Tome seu café.

Rupert apertou a mão de Laura e foi atender. Era Tereza que já foi entrando porta adentro e beijou-o na boca.

- Bom dia, meu amor. Vim trazer uns bolinhos que a minha mãe fez pra você e seu pai. Bom dia, seo Régis!

Tereza foi entrando na cozinha e ao ver Laura, parou.

- Professora!

- Bom dia, Tereza, ela disse sorrindo.

A moça colocou o prato com bolinhos sobre a mesa e disse:

- Seo Régis, minha mãe mandou... pro senhor...

- Obrigado, filha...

Ela virou as costas para ir embora, mas Rupert a segurou na porta.

- Espera, Tereza, eu posso explicar...

- Me larga! – ela falou, tão baixo que ele mal pode ouvir.

- Fica, senta e me ouve. Eu vou te explicar tudo.

- Me larga, Rupert! – ela gritou, batendo nele com as mãos fechadas e começando a chorar. – Me deixa ir embora! Me solta!

Rupert a abraçou e prendeu seus braços. Tereza não podia competir com a força dele e foi diminuindo a resistência. Ficou chorando apoiada em seu peito. Rupert ajudou-a a sentar-se no sofá e pediu:

- Fica calma e me ouve.

Laura apareceu na sala com um copo de água com açúcar e colocou sobre a mesa de centro na frente dela. Tereza bateu com a mão no copo e o jogou longe; ele se estilhaçou inteiro na parede. Os olhos da moça queriam fuzilar Laura.

- Que é que ela está fazendo aqui?!

- Teca, você está sendo infantil.

- E você é um cafajeste! Um mentiroso!

- Eu nunca menti pra você.

- Você está me traindo com ela de novo!

- Eu não estou traindo ninguém! A Laura é minha mulher! Nós nos casamos!

O baque foi forte demais para Tereza. Ela foi ficando branca e ia tentar se levantar do sofá, mas desmaiou. Rupert a segurou nos braços antes que ela caísse e a deitou ali no sofá mesmo. Depois, ele e Laura tentaram reanimá-la com fricções de álcool nos pulsos e nas têmporas e fazendo-a cheirar o álcool.

- Tê, acorda, garota.

- Já devíamos ter contado pra ela antes, disse Laura, preocupada. - Pobrezinha!

Rupert não disse nada, com a mão da amiga entre as suas. Tereza foi aos poucos recobrando os sentidos e, ao olhar para ele, perguntou:

- Eu tive um pesadelo, não é?

Ele a ajudou a sentar-se e sentou junto dela, ainda segurando sua mão.

- Eu sei que te devo desculpas por não ter te contado isso antes, mas não dava mesmo pra contar. Eu sabia que a sua reação ia ser essa. Não queria te ver sofrer.

- Eu estou sofrendo agora, talvez até mais... Você não confiou em mim, Rupert!

Rupert olhou para o pai, em pé perto da porta, apoiado nas moletas. O velho olhava para ele como a dizer: “Eu não disse?”.

- Eu sempre fui sua amiga, sempre adorei você, sempre ouvi tudo que você tinha pra me dizer, mesmo que fosse sobre... ela. Ouvi tudo com paciência, aguentei sua fossa e nunca reclamei! Depois você me disse que estava tudo acabado e me deu esperanças...

- Eu nunca te dei esperanças, Teca...

- Mas eu construí esperanças pra mim porque você estava livre dela na sua cabeça! Pelo menos eu pensava que estivesse!

- Nós nunca terminamos.

- E agora você me diz que está casado! – ela escondeu o rosto nas mãos e recomeçou a chorar.

Rupert também sentiu as lágrimas rolarem por seu rosto e pediu:

- Me perdoa, Tê!

Tereza ergueu o rosto, respirou fundo e falou:

- Nunca! Eu não sou palhaça!

Depois olhou para Laura e disse:

- Aproveita enquanto ele está deslumbrado com essa sua carinha de balzaquiana cheia de creme. Quando ele tiver trinta e um não vai querer mais ver sua cara de velha!

Ela foi para a porta, saindo. Laura não fez um movimento. Rupert aproximou-se dela e a abraçou.

- Isso foi uma praga... ela falou, baixinho.

- Por favor, Laura, se você levar isso em conta, vai estar sendo tão infantil quanto dela.

- Ela não está sendo infantil. É uma mulher. Uma mulher apaixonada, só isso.

- E o que você quer que eu faça? Eu não pedi pra ela me amar assim. Pensa em mim! Você acha que eu gosto de ver minha melhor amiga sofrendo assim por minha causa?

- Ele pode acabar com a gente, Rupert!

- Mas não vai... A Tereza é muito boa. Está só chocada, nervosa. Ela vai pensar bem e ver que... tinha que ser assim.

- Acho que eu vou voltar pra minha casa agora.

- Por quê?

- Preciso… ficar sozinha e pensar.

- Pensar no quê, Laura?

- Em tudo isso.

- Não tem nada em que pensar.

- Por favor, Rupert, me deixa ir.

Ele ficou olhando para ela e depois afastou-se. Laura foi para o quarto, arrumou suas coisas, arrumou-se e voltou à sala.

Régis estava sentado no sofá e ela foi dar-lhe um beijo.

- Obrigada, por tudo, seo Régis. O senhor é um amor.

Ele sorriu e segurou sua mão, beijando-a.

- Não deixe meu filho por causa dessa tempestade. Ele ama você muito.

Ela sorriu e afastou-se dele. Rupert estava na janela olhando para a rua. Laura chegou-se para perto dele e encostou a testa em seu ombro, pegando sua mão.

- Me liga, amanhã?

Ele não respondeu, continuou olhando para a rua.

- Não vai me dar um beijo?

Ele ficou imóvel ainda por alguns segundos e aos poucos foi se voltando e envolvendo o corpo dela num abraço.

- Nunca vou te achar uma velha...

- Nunca é muito tempo, amor. Acho que nem existe. Me beija.

Ele a beijou e Laura passou a mão pelos cabelos dele.

- Está na hora de cortar, garotão...

Depois afastou-se e saiu da casa.

Rupert ficou olhando para ela entrar no carro e ir embora, com lágrimas rolando por seu rosto uma atrás da outra. Não viu mais Tereza naquele dia.

********************************************

Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 10

Velucy
Enviado por Velucy em 03/11/2017
Reeditado em 04/11/2017
Código do texto: T6160878
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.