LEO IV - BRUNO - CAPÍTULO 2

CAPÍTULO 2 – BRUNO

No dia seguinte, Gilda resolveu ir fazer compras, sozinha, contra a vontade da mãe e de Haroldo e sem o conhecimento deles. Ela quase não saía de casa sozinha, mas naquela manhã sentia-se bem e não queria deixar para a última hora, comprar as peças finais para o enxoval do bebê.

Esteve em várias lojas na cidade e escolheu tudo que queria. Quando percebeu, estava com três sacolas cheias e achou melhor parar por ali. Ia saindo da última loja que visitaria, quando sentiu uma leve tontura e quase caiu. Sentiu apenas que, durante a vertigem, alguém a amparou e a levou para sentar-se num banco ali perto.

Quando se refez da tontura viu que a pessoa era Leo, que segurava sua mão e olhava para ela preocupado.

- Você está bem?

- Leo...

- Que espécie de marido é o seu que te deixa sair sozinha de casa assim?

Ela não respondeu. Estava confusa. Olhou em volta.

- Eu tenho que ir...

- Calma, espera! Você acabou de voltar de uma tontura. Respire e relaxe um pouco.

- Eu prefiro ir pra casa...

- Eu te levo até lá.

- Não, Leo!

- É meu filho que está te causando tonturas, Gilda... ele falou em voz baixa. – Não me obrigue a dizer isso em voz alta, aqui no meio de todo mundo. Toda a cidade pensa que ele é do idiota do seu marido, mas eu posso mudar essa situação, se você não me deixar fazer alguma coisa por ele e por você, agora!

Gilda ficou olhando para ele assustada e resolveu não retrucar. Ainda tinha medo das atitudes de Leo.

Ele a levou até dois quarteirões antes de sua casa, mas foram o tempo todo em silêncio. Quando o carro parou, ele olhou para ela e perguntou:

- Está melhor?

Ela confirmou, balançando a cabeça.

- Obrigada...

- Eu vou te deixar aqui pra não dar na vista. Não quero confusão com o seu pai. Dá pra ir até em casa sozinha? Está bem mesmo?

- Estou, obrigada...

Gilda não conseguia olhar nos olhos dele. Leo, por sua vez, não conseguia parar de admirá-la e não resistiu em fazer um elogio sincero.

- Você está linda!

Ela ergue os olhos para ele e conseguiu sorrir.

- Oito meses... não é?

- É...

- Posso... tocar sua barriga?

Ela não negou nem confirmou, mas seu silêncio dizia tudo. Leo estendeu a mão e colocou-a sobre sua barriga, acariciando-a. Quando ia tirá-la, Gilda o fez ficar, colocando a sua sobre a dele. Fechou os olhos e sorriu.

- Ele mexeu!

Leo sentiu também e sorriu.

- Ele me reconheceu...

Durante alguns segundos, ficaram olhando um para o outro, até que ele recolheu a mão e perguntou:

- Já escolheu um nome pra ele?

- Não...

- Não vai ser Haroldo, vai? – ele perguntou, hesitante.

- Não, nem ele quer isso, Leo. Ele sabe o papel dele nisso tudo.

Leo sentiu-se aliviado.

- Não ponha Leo também não. Esse nome dá muito trabalho.

Gilda riu.

- E o que você sugere?

Ele olhou para ela com os olhos brilhantes, feito os de uma criança.

- Eu?

- É... É seu filho, não é?

Emocionado, ele pensou por um momento e disse:

- Bruno... É, Bruno.

- Bruno? Por quê?

- Era o nome que minha mãe tinha escolhido pra mim, antes de Leo. Ela mudou de ideia porque... meu avô paterno faleceu dois meses antes de eu nascer e... para homenageá-lo, resolveu colocar o nome dele em mim. Mas eu gosto mais de Bruno.

- Vai ser um menino, mesmo? – ela perguntou sorrindo.

- Você não fez o ultrassom?

- Não... Não quis fazer o pré-natal dele.

- Por quê?

- Não tive... ânimo. Não, sem você por perto.

Ele tocou a barriga dela de novo e confirmou.

- Vai ser menino... Ele já me disse. E vai dar tudo certo, ele disse, sorrindo.

- Então será Bruno.

- E se o Haroldo não quiser?

- É meu filho... Ele não vai querer dar palpite.

Ele sorriu, satisfeito. Gilda abriu a porta do carro e saiu. Da janela, agradeceu:

- Obrigada pela ajuda.

- Faria mil vezes.

- Tchau...

- Te cuida... Eu te amo, não esquece...

Gilda sentiu vontade de dizer o mesmo, mas mordeu os lábios e não o fez. Afastou-se do carro e, quase correndo, foi embora. Leo encostou a cabeça no volante, sentindo-se infeliz.

- Deus!

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO IV

BRUNO - CAPÍTULO 2

Velucy
Enviado por Velucy em 15/10/2017
Código do texto: T6142889
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.