LEO II - RECUPERAÇÃO - CAP. 13

CAPÍTULO 13 – RECUPERAÇÃO

Leo começou a acordar meia hora depois.

Abriu os olhos e o primeiro rosto que viu foi o de Haroldo que sorriu para ele.

- Estou vivo ainda? – o rapaz perguntou.

- Está, está bem vivo sim, ainda, cara.

Doutor Alcântara entrou no quarto e perguntou:

- Como está se sentindo?

- Primeiro o senhor tenta me matar e depois cura? – Leo perguntou, com amargura na voz. – Foi o senhor que mandou me prender, não foi?

- Leo! – Haroldo ia interferir.

- Não, não fui eu, Alcântara respondeu, calmamente. - Por que eu faria isso?

- Porque eu estava com a sua filha.

- Eu não sabia que você estava com ela, mas se foi por isso que o prenderam, fizeram muito bem.

Leo tentou levantar-se, mesmo sentindo o corpo todo doer.

- Me tira daqui, Haroldo.

- Calma, Leo!

- Não seja idiota, rapaz. Eu não tenho nada contra você, desde que fique longe da minha filha. Como médico, eu só quero te ajudar. Você se lembra do que fizeram com você na cadeia?

Leo voltou a deitar-se.

- Tratamento de primeira... Nem me explicaram porque eu fui preso... me jogaram numa cela... começaram a me bater sem motivo... até eu desmaiar... e quando eu acordei, foi com o Chicão me puxando a gola da camisa, dizendo que o Haroldo... tinha ido me tirar de lá.

- Que horror! – exclamou Haroldo.

- Você não se lembra de lhe terem aplicado nada? Nenhuma injeção?

- Injeção? Não, por quê?

- Você foi dopado, Leo.

- Dopado?

- Ou foram eles, ou você já tinha...

- Olha aqui, doutor Alcântara, falou ele, erguendo-se outra vez. – Eu já estou cheio de ser taxado de tudo nessa maldita cidade. O senhor já me acusou de assassino pra Gilda, não vá colocar na cabeça dela que eu sou viciado também, ouviu bem? Eu posso ter raiva da vida que eu levo, mas não tenho medo dela e posso enfrentar tudo consciente, entendeu?

- Tudo bem, me desculpe. Fique calmo e deite-se, relaxe. Você ainda precisa de ajuda médica. Podia ter morrido se fosse para casa. Não vamos discutir mais. Eu volto mais tarde.

Leo tornou a deitar-se e Alcântara saiu para cuidar de outros pacientes.

- E eu ainda vou ter que ficar devendo isso a ele... disse Leo, colocando a mão na cabeça. – Você tinha que ter me trazido pra cá, não é, idiota!

- O doutor Alcântara é um homem bom e um excelente médico, Leo.

- Ah, cala a boca você também! Todo mundo pra você é bom! Até os caras que fizeram isso comigo, não é? Até meu pai! Foi aquele velho sujo que mandou me prender. Só não me levando dessa droga de maca e vou embora daqui porque... não consigo me lembrar como se anda...

Haroldo sorri discretamente.

- O doutor Alcântara te libera logo. Tenha paciência.

Leo cruzou os braços sobre o rosto e ficou quieto.

Ficou em observação quase toda a noite, até que Alcântara voltou e disse:

- Você já pode ir pra casa, rapaz. Vamos indo. Eu te levo pra casa por bom comportamento.

- Não quero ir pra casa.

O médico o ajudou a levantar-se sem dar atenção ao que ele dizia. Leo teve que aceitar sua ajuda, pois ainda não se sentia muito bem.

Apoiado nos ombros do amigo Haroldo que ainda estava lá e do médico, Leo saiu do consultório e foi levado à casa dos Torres no carro do doutor Alcântara.

Ao vê-lo chegar, acompanhado de Haroldo e Alcântara, Samuel estranhou. Olhou para o filho e perguntou:

- Que aconteceu dessa vez? Pensei que estivesse morto... Aprontou mais alguma?

Leo não respondeu. Ia tomar a direção do quarto, mas Samuel segurou seu braço e insistiu:

- Eu te fiz uma pergunta!

- Calma, Samuel, eu explico tudo, disse o médico. – Deixe ele subir. Deve estar muito cansado.

Samuel atendeu ao amigo e soltou o braço de Leo que disse:

- Não perca seu tempo, doutor. Ele sabe de cor o que aconteceu.

E subiu, acompanhado do amigo.

- Ele foi preso, Alcântara começou. – Apanhou na delegacia. Acho muito estranho porque o Nunes nunca usa desses métodos. Você não está por trás disso, está, Samuel?

- Eu!? Ora, muito me admira, Luiz. Você, me fazendo uma acusação dessas?

- Não estou te acusando, só estou perguntando.

- Ele insinuou isso?

- A pergunta é minha, Samuel.

Samuel afastou-se dele e sentou-se numa poltrona.

- Esse vagabundo precisava mesmo de uma lição. Por certo foi preso por vadiagem.

- Ele estava com a minha filha, na escola.

Samuel olhou para ele e não disse nada.

- Você não está sendo drástico demais com seu filho, Samuel? Isso já é crueldade.

- Eu sei o que já passei por causa dele e você também sabe. Não me recrimine, Luiz. Pela nossa amizade, não me acuse de nada.

- Seja paciente com ele, pelo menos hoje. A lição já foi bem dada. Ele está muito machucado. Se você acha que vai discutir, não fale com ele. Dê tempo a ele pra pensar em tudo.

- Tudo bem. E como fica a sua filha nisso? Vai deixar que ele continue se encontrando com ela às escondidas? Você já sabe do que ele é capaz.

- Minha filha é problema meu, Samuel. Gostar dela não justifica você maltratar seu filho como vem fazendo. Não quero que ninguém sofra por causa da Gilda. Eu mesmo cuido dela.

Samuel concordou com um sorriso. Apertaram-se as mãos e o velho levou o amigo até a porta.

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO

RECUPERAÇÃO - CAPÍTULO 13

Velucy
Enviado por Velucy em 10/10/2017
Reeditado em 28/10/2017
Código do texto: T6138131
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