LEO II - PRISÃO - CAPÍTULO 12

CAPÍTULO 12 – PRISÃO

Leo a beijou nos olhos e na boca

e levantou-se. Quando ia se afastar, dois policiais aproximaram-se dele e perguntaram:

- Leo Torres?

- Eu mesmo.

- Você está preso. Documentos, por favor.

- Preso?

Assustada, Gilda segurou o braço de Leo.

- Preso por quê?

- Ele vai saber na delegacia, respondeu o policial colocando as algemas nos pulsos de Leo.

- Não podem prender alguém desse modo! – ela protestou.

- Gilda, não se meta nisso. Avisa o Haroldo, disse Leo.

Os policiais o levaram. Gilda não sabia o que fazer. Os alunos começaram a se juntar em torno do carro de polícia, curiosos para ver a prisão de Leo.

Gilda apanhou os cadernos na sala de aula e saiu, correndo até a repartição onde Haroldo trabalhava, mas ele não estava lá. Havia saído para um serviço externo. A moça não teve outro jeito senão ir ao consultório do pai e avisá-lo.

- Pai, o Leo foi preso!

- Você estava com ele?

- Não... Ele foi até o colégio falar comigo e... Pai, alguém tem que tirar ele de lá! Ele não fez nada!

- Isso é problema do pai dele, Gilda.

- Então liga pra ele!

- Por que eu faria isso? Samuel não vai mover um dedo pra tirar o filho da cadeia. Alguma ele aprontou. Trate de voltar pra casa e esqueça de uma vez esse rapaz. Eu preciso trabalhar.

Ela não teve outra escolha. Foi para casa e ficou a tarde inteira em seu quarto, olhando pela janela de minuto em minuto para ver se Haroldo chegava.

Às cinco, ele apontou no início da rua e ela desceu correndo.

- Aonde você vai, mocinha? – perguntou dona Júlia.

- Falar com o Haroldo! – disse ela, saindo rapidamente, antes que a mãe dissesse mais alguma coisa.

Haroldo até se assustou quando a viu se aproximar dele tão agitada.

- O Leo foi preso!

- Preso? Como? Por quê?

- Não sei. Levaram ele lá da escola. Ele foi conversar comigo e...

- Ele não fez nada errado, fez?

- Não, juro! Nós estávamos só conversando. Faça alguma coisa pra tirar ele de lá, Haroldo, por favor!

- Você está mesmo gostando dele, não é?

Gilda não respondeu, mas o rapaz viu que não precisava de maior confirmação do que aquela. Passou por cima da mágoa e disse:

- Eu vou até lá. Trago ele aqui pra casa pra você ver que ele está bem. Vá pra casa e fique calma.

- Nem sei como te agradecer...

Ele sorriu e afastou-se.

Quando chegou à delegacia, Haroldo teve que conversar muito com o delegado para conseguir tirar Leo da cadeia. Teve a nítida impressão de que o delegado tinha sido pago por alguém para prender o rapaz, mas não teve que pensar muito para descobrir quem tinha sido. Usando dos mesmos métodos, ou seja, pagando uma fiança muito salgada, conseguiu que soltassem o rapaz.

Leo apareceu, minutos depois, muito abatido.

- Está livre, mocinho, disse o delegado. – Mas acho bom você tratar de arrumar um emprego e parar de ficar invadindo escolas públicas, colocando em risco a segurança de jovens inocentes.

Estendeu a ele seus documentos e Leo os apanhou, olhando para ele e para os dois policiais atrás dele com olhar lívido de ódio; depois, saiu com Haroldo.

Já fora do prédio, Leo sentou-se no último degrau da escada e encostou-se na parede, apoiando a cabeça na mão. Estava tonto. Haroldo preocupou-se.

- Que foi?

- Meu carro... ficou lá na porta da escola... Vai lá buscar pra mim...

- Que é que você está sentindo?

- Os efeitos do tratamento “delicado” deles na delegacia... Está tudo... rodando...

Leo caiu na escada, desacordado. Rapidamente, Haroldo chamou um táxi e levou o amigo até o consultório de Luiz Alcântara, que ficava perto dali. Com a ajuda do taxista, conseguiu levar o rapaz para dentro da clínica.

- O que foi que aconteceu? – Alcântara perguntou, ao vê-los entrar.

- O Leo desmaiou, doutor.

- Coloquem-no aí na maca. Ele não estava preso?

- Estava. Acabei de tirá-lo de lá. Devem ter tratado dele “muito bem” lá...

Sem pensar em mais nada, Alcântara tratou de examinar o rapaz por inteiro. Descobriu que Leo tinha manchas roxas nas costas e hematomas na cabeça. Ficou ainda mais perplexo ao ver que o rapaz tinha sido dopado.

- Dopado? – Haroldo perguntou, sem acreditar.

- Bateram muito nele, disso não dá pra duvidar. Agora, ele podia já estar dopado quando o prenderam...

- Não, o Leo não é viciado, doutor. Eu tenho certeza disso.

- Bem, ele vai ficar desacordado por algum tempo. Se você quiser ir pra casa, pode ir. Eu mesmo aviso o Samuel.

- Não... Eu preferia que o senhor não dissesse nada ao pai dele.

- Mas a responsabilidade é dele, filho. Quem vai cuidar desse rapaz nesse estado?

- Eu... Eu vou...

- Que amigo você é. São tão diferentes e você consegue se dar bem com ele...

- O Leo não é um marginal, doutor Alcântara. Ele pode ser como eu, se deixarem.

Alcântara apenas balançou a cabeça, sem dizer mais nada.

LEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEOLEO

PRISÃO - CAPÍTULO 12

Velucy
Enviado por Velucy em 09/10/2017
Código do texto: T6137688
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