Herdeira do Caos - Capitulo 04 - Nada como era

-Agora, não lembro de como nem quando eu troquei de camisa. E essa bolsa não é minha. E eu estava no ano de dois mil e quinze, não noventa e dois. Eu me lembro daqueles flashs, e tinha o mistério do Politicida, mas é impossível viajar no tempo e espaço assim. So se eu tiver morrido! Ai meu Deus! Eu morri e esse é o mundo dos espíritos? Os amigos espiritas da minha mãe estavam certos! Nossa, minha mãe vai me matar por ter morrido! – disse Lilian se levantando tonta e se apoiando na parede, tonta e desesperada.

-Calma rapariga, não se afobe, tu não estas morta! Ate onde eu saiba, eu também não estou morto, e esse mundo não é o mundo dos espíritos. E cá entre nos dois, todo mundo sabe que magia existe, apenas quase ninguém viu, e ninguém sabe como fazer, se é que tu me entendes. Deve ter sido isso que aconteceu, tu foste transportada para cá do futuro para o passado por alguém, talvez ate por acidente. Diga-me, sabes o numero de algum resultado da loteria? O resultado de algum campeonato esportivo importante no qual eu possa apostar dinheiro? Vai ter alguma guerra, catástrofe ou algo de importante para nos avisar?

-Primeiro, rapariga é a mãe, se me chamar assim de novo eu te sento a mão na cara. Seguidamente, nunca ouvi falar de algum lugar chamado ilha do metal fora das letras do Massacration, então não faço ideia de nada do seu passado ou futuro, não lembro de nada de loteria, nem de esporte de relevante. Acho que o Corinthians vence a libertadores em dois mil e doze, mas não tenho certeza. Vai ter um atentado terrorista horrível em dois mil e um, aviões sequestrados derrubarão as torres gêmeas em Nova York, e os Estados Unidos vão entrar em guerra contra o Iraque por causa disso, mas não acho que isso seja relevante pra um segurança, é?

-Realmente, nada de muito útil pra mim. E desculpe se lhe ofendi, esqueci que no Brasil rapariga é usado como ofensa, mil desculpas senhorita. Sou brasileiro, filho de italianos, mas fui criado fora do Brasil por causa da ditadura militar. Veras que muitos aqui n’A Ilha compartilham historias semelhantes, de fugir de seus países por conta de ditaduras ou repressões.

Lilian parou para analisar suas roupas e remexer na bolsa que trazia consigo. Não lembrava de a ter, e nem da camisa que vestia. A calça parecia com as suas de sempre, jeans gasta, rasgada no joelho, mas estava muito mais justa do que qualquer roupa que ela tivesse nos quadris e nas coxas, chegou a se perguntar como entrou nessa calça. Apesar do aperto, não estava desconfortável, obviamente era um tecido moderno, cheio de elastano, lycra ou qualquer coisa que faça jeans ficar elástico. A camisa era do seu gosto, mas nunca havia visto algo assim, tão trabalhado em 3 tecidos de uma forma confortável onde as costuras não ficaram volumosas, tinha vontade de tirar e analisar como fora montada. Era composta de uma camiseta simples e branca, com uma regata muito decotada se sobrepondo, tendo as costas trançadas ao invez de ser uma peça na frente e outra atrás, e um bolero fazendo as vezes de mangas, cobrindo apenas os braços e os ombros. Apesar da vontade de retirar a roupa e analisar, a pequena bolsa a tiracolo chamou sua atenção. Ela tinha uma alça grande, que vinha no seu ombro, mas tinha também uma faixa na parte central, que ela imaginava que serviria para prender a bolsa como uma cartucheira na cintura. A bolsa tinha dois bolsos de zíper, um na parte superior e um mais abaixo, de um bolso externo. Dentro estavam seu celular, um caderninho de notas com uma caneta afixada, algum dinheiro solto, notas de Reais que se Ítalo estivesse falando a verdade, não serviriam para nada por que aquele dinheiro ainda nem havia sido inventado. Alem disso, haviam algumas coisas que ela não sabia direito o que eram nem de onde vieram. Uma bolsinha marrom de veludo amarrada na boca com uma linha preta, um canivete ricamente adornado, mas ao mesmo tempo com uma aparência vulgar, de ser feito em massa em uma das chinas.

Ao pegar nessas coisas, sentiu uma nova onda de tontura, forçando-a a se apoiar na parede. O mundo parecia se duplicar e mudar, e quando deu por si, Lilian foi tomada por uma visão.

Fernando Salgado
Enviado por Fernando Salgado em 16/06/2017
Código do texto: T6028879
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