Herdeira do Caos -Capitulo 01 - Ítalo Lira

Capitulo ?1

Ítalo acordou. Era fim de tarde, ele havia cochilado ouvindo seu disco favorito, um dos primeiros discos de metal melódico de uma banda da terra dos seus avós. Era uma peça longa, de mais de uma hora, e mesmo assim tinha poucas musicas, muito trabalhadas com instrumentos de musica clássica e uma forte sonoridade de tom épico, e mesmo Ítalo já tendo ouvido esse disco varias vezes, tinha posto-o na vitrola novamente, porem, o cansaço da manhã foi mais forte que ele e acabara cochilando numa faixa mais calma e melódica sobre uma floresta de unicórnios. Algo o chamava a sair essa noite. Já estava a dias sem sair de casa, e apostava que seus conhecidos imaginavam que ele havia virado um gótico.

Arrumou-se como sempre fazia, como um bom metaleiro melódico da Ilha do Metal, ou ao menos como ele achava que tinha que ser, com coturno alto, calça jeans preta, cinto de couro, correntes um colete feito sob encomenda por um alfaiate simulando um estilo de casaca da França renascentista e uma camisa preta lisa por baixo. Ele gostava de usar roupas justas mas flexíveis, como 75% da população do pais eram músicos e provavelmente uns 45% tocavam mais de duas famílias de instrumentos, ele sabia que se quisesse se destacar de alguma forma, precisava ter algo mais do que ser mais um musico. Decidira ser então um segurança, por que ter um físico forte é um diferencial num pais de músicos e intelectuais. Seu pensamento novamente seria muito valido, se não fosse o fato que a maioria das pessoas do pais tende a seguir o estereótipo do seu gênero musical, e punks brigões, anarquistas hardcores, motoqueiros metaleiros e ate vikings pescadores se mudaram para a Ilha do Metal, tornando ele meio que apenas um rapaz forte em meio a população.

Saiu de casa sem rumo, andando a esmo, sentindo que queria ir para algum lugar, que o destino o chamava, mas não sabia onde ir. Inicialmente, deu algumas voltas pela quadra onde vivia, procurando por algo, e se deu conta que procurava por alguém. As ruas naquele fim de tarde estavam vazias, as pessoas ainda estavam trabalhando em sua maioria, ele estava desempregado então podia se dar a esse luxo de caminhar a esmo pela cidade. Não percebera o quanto se afastava de sua casa, de sua zona de conforto nessa caminhada sem rumo certo. A noite caiu, e Ítalo já estava longe, a horas de caminhada do centro, quase no litoral. Num momento de clareza, se deu conta que não fazia ideia de onde estava. Olhou para os lados, percebeu que não sabia onde estava, estava numa rua escura perto do cais, sentia o cheiro de mar. Uma placa enferrujada indicava “Centro: 12Km”. Ele estava estarrecido, era impossível de ter andado tudo isso sem ter se dado conta!

Essas preocupações teriam de ficar pra mais tarde, por que um barulho chamou sua atenção. O vento frio e os trovões eram comuns na ilha, mas aquele relâmpago fora muito perto e baixo pra ter sido natural, aquilo era magia. Ítalo sempre havia acreditado em destino, e ter caminhado em transe por horas ate um lugar aleatório da ilha não poderia ser obra de outra coisa que não o seu destino o chamando! Ele correu para onde achou que havia sido o relâmpago, rumo a um beco, e atrás de uma caixa, achou o que menos esperava achar: uma menina. Era magra, alta, devia ter quase um metro e setenta, vestia calça jeans rasgadas, tênis baixo e cabelos lisos, traços finos, claramente europeus. A camisa dela era estranha, com varias camadas e folgada, e estava presa ao corpo dela pela alça de uma bolsa pequena a tira colo. Um cheiro estranho, que lembrava a cloro e mofo ao mesmo tempo estava no ar próximo dela, diferente do cheiro de lixo do beco, e uma aura estranha que levantava os pelos do braço e deixava uma sensação de nervoso. Era obvio que a menina não era dali, e nem que era normal, mas o que ele deveria fazer?

Fernando Salgado
Enviado por Fernando Salgado em 15/06/2017
Reeditado em 15/06/2017
Código do texto: T6028491
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