Onde a canção foi parar?

NARRADOR -- Véspera de Natal, uma casa comum, uma família comum, mas a data é especial. Chegou o tão aguardado dia. Hoje será (ou seria) a apresentação de final de ano do colégio Maria Emília. Na sala de casa, o pai, ansioso, aguarda, atencioso, que sua princesinha termine de se arrumar para o evento. De tanto esperar, ele acaba caindo no sono e acorda com uma péssima notícia na televisão.

TELEVISÃO - Atenção!!! Atenção!!! Notícia urgente! As notas musicais tiveram uma discussão terrível e acabaram de anunciar que não vão mais se apresentar juntas! As festas de Natal estão sendo canceladas, bandas se desfazendo e as crianças não param de chorar. O planeta virou o caos!!!

PAI - Minha nossa! Hoje é o festival de dança da Maria Gordice! Ela passou o ano inteiro aguardando esse momento. As notas musicais vão ter que se entender! Preciso fazer alguma coisa, mas antes tenho que encontrá-las. Se eu fosse uma nota musical, pra onde eu iria?

Onde a canção foi parar?

Eu tô querendo saber

O que a música tem

Perguntei e ninguém

Conseguiu me explicar

Onde a canção foi parar

Não ouvi na TV

Não achei no DVD

Não está no Youtube

Nem no meu celular

E ainda por mais

Que eu ligue o Spotify

Não consigo encontrar

Vem comigo procurar

A nossa canção

Música é amor

Música afasta a dor

E faz bem pro coração

NARRADOR - O pai, esperançoso, pega seu antigo livro de piano e, sem dó, nem piedade, mergulha no mundo das partituras, no intuito de encontrar algum indício que o leve ao encontro das notas! Chegando lá, logo de cara, encontra uma moça triste, pensativa, solitária!

PAI - Bom dia!!! Tudo em paz??? Estou procurando as notas musicais. Será que a senhorita poderia me ajudar? O planeta todo quer saber onde elas foram parar.

DÓ - Buááá!!!!!!!!!! Que pena! Que tristeza! Ai, que dó! Nunca pensei que as coisas fossem terminar desse jeito. Éramos uma equipe e tanto!

PAI - Caramba! Só agora percebi que você é a Dó!! Não chora, não. Senta aqui do lado. Aproveita e me conta o que foi que deu errado.

DÓ - Infelizmente, cada uma resolveu seguir um novo caminho. Não queriam mais fazer música juntas e, como eu não poderia ficar sozinha, resolvi que também deveria ir embora. Não daria pra fazer música com uma nota só.

Valsa de uma nota só 

Éramos uma família

Cada uma tinha o seu valor

Fizemos lindas canções

Si lá sol fá mi ré dó

Mas algo ficou diferente

E todas resolveram partir

Acabei sozinha no mundo

Dó ré mi fá sol lá si

Pobre Dó, que coitadinha

Descobriu que não dá

Pra fazer música sozinha

Por isso parou de cantar

Que coitadinha, pobre Dó

Solitária, e tão tristinha

Virou uma nota só

Não dá pra cantar sozinha

PAI - Poxa, que história triste! Espero que você fique melhor. Mas… deixa eu lhe dizer o que me trouxe até aqui. Sabe, hoje é a apresentação de dança da minha filha. Minha filha caçula! Ela passou o ano inteiro aguardando por esse dia e vai ficar arrasada se sua apresentação for cancelada.

DÓ - Que coitadinha!

PAI - Pois é, ela é só uma criança, ainda não entende dessas bobagens dos adultos. Então… Dó, eu vim aqui disposto a lhe ajudar. Acho que juntos conseguiremos colocar as coisas no seu devido lugar. Vamos comigo?

DÓ - Podemos tentar, mas acho que não vamos conseguir.

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Oi, Ré! Tudo bem com você? Temos uma proposta pra lhe fazer!

RÉ - O que foi? Vieram colocar a culpa em mim de novo? Toda vez a mesma história: "Essa corda está desafinada. Ah! Isso é tudo culpa do Ré." "Esse acorde não está indo pra frente." Novamente a culpa é minha. E adivinha o motivo... Não aguento mais andar pra trás. Não aguento mais levar a culpa por tudo!

DÓ - Que coitadinho!

PAI - Oh, Ré! Não fala assim. Não diz isso, não! Se as notas fossem todas iguais, que graça teria uma canção? Todos sabem da sua importância.

RÉ - Todos sabem da minha importância?! Tá bom. Então, deixa eu te contar uma história aqui. Outro dia, no meio de uma apresentação, um guitarrista fajuto achou que a música não estava boa o suficiente, achou que deveria colocar um acidente musical. Adivinha quem pagou o pato? Eu, claro! E olha que era pra ser um concerto. Sai de lá todo quebrado. Mas o problema nem foi esse, pela música eu faria tudo novamente. O problema foi que ninguém foi capaz de me dar nem um telefonema. Nem um telefonemazinho sequer! Nem mesmo você, Dó.

DÓ - Que coitadinho!

PAI - Calma, Ré! Tenha certeza que todos os seus amigos já passaram por essas mesmas angústias e tristezas.

RÉ - Mesmas angústias? Mesmas tristezas? Você tem noção do trabalho que dá pra fazer uma escala andando pra trás?

Resonare fibris

Seis notas pra um lado e uma pro outro

E a música fica pronta

Arranjo fechado e só eu preocupado

Porque o Ré é sempre do contra

Se tem musical, tudo fica legal

E a criançada é quem gosta

Começa o solfejo, mas eu nunca vejo

Porque eu tô sempre de costas

Bola pra frente e passo pra trás

Oposto por toda sorte

Com um sorriso no rosto mesmo sem dormir

Aceito fazer um acorde

Mas se desafinarem por algum motivo qualquer

Sou o lado errado, pra sempre o culpado

A culpa é sempre do Ré

PAI - Ré, a arte imita a vida. Com a música não é diferente. Alguns precisam se sacrificar para que as coisas aconteçam. Em uma orquestra, por exemplo, alguém tem que carregar o trombone. E no futebol, em que, na hora do gol, só o artilheiro aparece? Ou você já viu alguém festejando a bola? E eu ainda vou mais longe: o que seria do É o Tchan sem o Cumpádi Washington? Meu Deus, essa eu não gosto nem de imaginar! Isso não diminui nenhum de vocês. Sem o Ré, a música não teria passado e nem terá futuro. Vamos conosco.

RÉ - Hum... nunca tinha pensando por esse lado! Mas, sendo assim, estou de volta. Vamos atrás dos demais!

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Oi, Mi! Tudo bom por aí? O povo clama por vocês! A música precisa voltar, o planeta está um silêncio só, ninguém mais consegue cantar.

MI - Ii, Mi! Tidi bim pir ii? Mimimi mimimim mimimimi! Ora cantar… Só se estiverem com saudade da barulhada, isso sim. Fazer música ficou chato demais, tudo virou um mimimi só. Não se fazem mais canções como antigamente. Hoje tudo que fazem é cheio de gritaria e firula! Antes era só um mi aqui, um lá acolá e nada mais, a música estava pronta. No máximo, arrumávamos alguma coisinha do Ré, mas isso a gente tirava de letra.

RÉ - Arrumar uma coisinha do Ré? Tava até demorando pra culpa estourar em mim! Quero saber se era eu que passava o dia inteiro encrencando com a minha irmã.

PAI - Irmã?! Que irmã?!

DÓ - A Si e o Mi são irmãos, mas parecem mais cão e gato... Que coitadinhas!

MI - Qui, quitidinhis!! Quanta chatice! Escuta aqui: por que vocês não aproveitam o embalo pra papagaiar um pouco mais a música? Sei lá, coloca uma cor no meu lugar. Olha como ia ficar bom: Dó, é pena de alguém; Ré, que anda para trás; Vermelho, leva a minha irmã pra ti; Si, que comece o mimimi. Pronto. Ficou uma beleza!!!

Não quero mais saber de mi mi mi

Eu me irrito e não me controlo

Não consigo mais me concentrar

Dá muito trabalho ver tudo ao contrário

Gritaria ao invés de cantar

É muita nota entre uma pauta e outra

Que a gente não consegue solfejar

E se continuar assim, não aguentarei mais

Vou pedir minha rescisão nas centrais sindicais

Não me chame pra cantar

Se o mimimi for começar

Ai que ódio que me dá

E se isso for acontecer

É melhor para o mundo

E esperar que eu vou descer

Põe uma cor no meu lugar

PAI - Tenham calma, vocês vão se entender. Vamos conosco, Mi. Precisamos de você. Defeitos todos nós temos, mas só conseguiremos superá-los se tivermos paciência uns com os outros. Calmos e serenos. Estou certo de que as outras notas também vão voltar! Eu sei que juntos nós iremos conseguir! Mas, na pior das hipóteses, vocês três já conseguem fazer um som. Algo como a família Dó-Ré-Mi.

MI - Tudo bem, eu volto. Mas vou logo avisando que, se começarem com esse ”mimimi", eu vou embora.

RÉ - E agora, vamos atrás da Fafá?

TODOS - (Risos)

PAI - Não entendi a piada.

DÓ - Sabe o que é? É que a Fá tem um gosto musical muito peculiar! Que coitadinha!

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Fala, Fá!!! Viemos te resgatar! Estamos reunindo o pessoal. Precisamos voltar a tempo pro festival.

FÁ - Abandonada por vocês!!!!!! Então quer dizer que vocês resolveram reconhecer o meu verdadeiro valor… Mas agora eu já nem sei se quero voltar…

MI - Deixa de charme, Fá. Não comece com frescura!!! Ou vem ou não vem, mas não vai achando que, porque estamos aqui, nós vamos voltar a tocar as músicas cafonas da Fafá de Belém.

FÁ - Dobre a língua pra falar da Fafá, seu mal-amado!!! Quer saber de uma coisa? Eu não volto! A não ser que todos vocês peçam com jeitinho. Quero ouvir todos pedindo bem baixinho: “Volta meu bem - murmurei”. Ai, eu fico eufórica!!!!

Dó-Ré-Mi, Fafá

Se você quer voltar pra mim

Não vai ser como era antes

Terá Fafá no repertório

E quero um sutiã gigante

Se você quer voltar pra mim

Eu imponho a condição

De ter no Sol nuvens de lágrimas

E a cada frase um bordão

Que chamego bão

Dó-ré-mi-fá

Ai, como eu gosto da Fafá

Eu fico eufórica

Não tem condição

Longe dos olhos e dentro do meu coração

Dó-ré-mi-fá

Ai, como eu gosto da Fafá

Eu fico eufórica

Não tem condição

É coisa que não eu não sei dizer

Melhor deixar pra lá...

PAI - Fafazinha, minha flor, olhe bem nos olhos dos seus amigos. Tá na cara que só estão querendo implicar com você. Inclusive, nunca vi povo mais implicante. Tenho certeza de que eles também adoram a Fafá de Belém. E por falar em Belém, daqui a pouco já vai ser Natal, aniversário do nosso senhor Jesus Cristo, que também é de Belém. Não vamos deixar que essa noite passe em silêncio. Venha conosco. Essas suas exigências, vamos vendo pelo caminho.

FÁ - Tá bom, eu volto! Ai, eu fico eufórica!!!! Oh, venham logo e me tirem dessa solidão!!!!!

RÉ - Para onde vamos agora?

MI - Vamos atrás do Sol. Podemos cantar uma musiquinha para chamá-lo de volta!

PAI - Ótima ideia!!

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Oi, Sol, como você está? Estamos reunindo a cantoria. Seus amigos têm algo para lhe falar.

TODOS (cantarolando) - Ei, Sol, você não pode ter tudo; foi brincar de bambolê, te confundiram com Saturno. Sol, “Tê tudo”; foi brincar de bambolê, te confundiram com Saturno. (Risos)

PAI - O que é isso, pessoal?

SOL - Deixa pra lá, eu já estou acostumado. Sempre as mesmas piadinhas sem graça. Tudo isso só porque eu peso uma letra a mais que eles. Mas quer saber? Eu já nem ligo. Tô de passagem comprada para a Solinésia Francesa.

DÓ - Tenha calma, Sol. Era só uma brincadeirinha.

SOL - Só uma? E o que você me diz do que aconteceu na semana passada?

TODOS - (Risos).

PAI - Acho melhor eu nem perguntar.

SOL - Muito bem, vamos lá: festinha no colégio Arco-íris Musical, notas e cores reunidas para a apresentação de pais e filhos. Na saída do ensaio de Aquarela, o Sr. Amarelo, que, diga-se de passagem, eu não via há muito tempo, vem todo simpático perguntar se eu estava esperando meu filho. Aí o gaiato do Lá de pronto responde: “Ele não tá esperando filho, não! É que tá muito gordo mesmo!”.

O Sol

(Música incidental: Lá vem o sol)

Um belo dia de Sol e mar

Praia, brisa e diversão

Vou pra Solinésia aproveitar

Sou bom de boca e também de verão

Vou deitar e rolar

Vou curtir e vou comer

Lá ninguém vai perceber

Que a minha sunga é Extra G

Lá vem o Sol

E não tem como não ver

Lá vem o Sol

Ele vai engolir você

Não vem mais

Mas um dia percebi

Que ser enorme me traria confusão

Fui fazer um acorde em Sol Maior

Deu fuso horário na canção

De uma nota para outra

Deu fuso horário na canção

RÉ - Isso é graça do Sol! Ele é o mais zoeiro de todos nós. Só me chama de Zambeta, a Dó de chorona e foi ele que colocou o apelido na Fafá.

SOL - Ei, Curupira, deixa de ser tagarela! (Risos). Galera, pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto, que eu tô voltando! Que a música e a zoeira voltem com força total!

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Oi, Lá! O espetáculo já vai começar! Só faltam a Si e você.

LÁ - Lá, lá, lá, lá (tapando os ouvidos). Não estou ouvindo nada! Não estou ouvindo nada!

DÓ - Dessa vez, ele começou cedo...

LÁ - Cedo, não é... Que bom que comecei cedo, então. Pelo menos dessa vez eu não vou ficar lá pro final. Ou será que não ficarei mais pro final? Vieram com novidades?

PAI - Novidades ???

FÁ - O Lá encasquetou que quer vir no começo. Vive reclamando que só fica lá no final. Lá longe de tudo. Distante, distante, da porta da sala, da mesa, do chão, do pé de araçá.

PAI - Ora, Lá! Que diferença isso faz? Lá ou aqui, não tem diferença nenhuma. Todas vocês têm o mesmo valor musical. Não importa se é a primeira ou a última nota a aparecer.

LÁ - Não importa? Então, por que você não canta essa canção comigo: dó, ré, mi, fá, Fafá! Dó, ré, dó, ré, ré, ré! Dó, sol, fá, mi, mimimimimimi! Dó, ré, mi, fá! Olha, que coisa: o Lá não apareceu na canção!

PAI - O que é isso, Lá!? Deixa isso pra lá…. pra lá! Essa é só uma canção boba. Você é grande demais!

LÁ - Grande demais é o Sol, que outro dia foi ao cinema e se sentou perto de todo mundo!

TODOS - (Risos)

LÁ - Olhem como a escala fica muito mais bonita comigo no começo: Lá, Ré, Mi, Fá, Sol, Dó, Si, Lá, Lá, Si, Dó, Sol, Fá, Mi, Ré, Lá!

Distante como o Lá

Distante, muito distante

Nas entranhas musicais

Num ponto equidistante

Dos hemisférios meridionais

Mais distante que o Sol

Que já é longe pra danar

Dobra no dó, desvia no ré

Me façam um atalho pra encontrar

Lá, ré, mi, fá, sol, sol, lá

Fica mais fácil de cantar

Fica gostoso de ouvir

Fica tranquilo de escrever

Fica "facinho" de lembrar

Fica mais fácil de cantar

Fica gostoso de ouvir

E se ninguém for perceber

A gente pode aproveitar

PAI - Mas, Lá, você aparece em destaque em tantas outras canções! Em “Hey Jude”, por exemplo, os Beatles passaram meia hora só falando o seu nome: “lá, lá, lá, lara, lá, lá”. E a Shakira, que ficou a Copa toda só falando em você? Até batizou a música com o seu nome! E não podemos esquecer que todos os pagodeiros te usam pra dar aquela enrolada no refrão.

SOL - Pois é, Lá! Isso é besteira sua! Você nem tá tão longe assim! Tá certo que, outro dia, o carteiro tinha que te entregar a correspondência e resolveu que era mais fácil te enviar pelo correio!!!!

TODOS - (Risos)

LÁ - Ok, ok! Estou fechado com vocês! Lá vamos nós de novo! Ó, nós aqui “travez”!

Caminhando juntas outra vez

Como a gente sempre fez

As desavenças vão ficando para trás

Reagrupando todas as notas musicais

PAI - Oi, Si! Que bom te encontrar por aqui! Só falta você pra ficarmos completos! Te queremos perto, feliz e cantarolante. E, com um singelo convite, eu te faço um pedido: vamos voltar pro lugar de onde você nunca deveria ter saído?

SI - Mi hermano!! My friends! Hello, muchachos!

MI - Que presepada nova é essa, já?! Agora, além de se achar, também ficou maluca?!

SI - La mama no le dicho? Estoy la praticare mi others indiomas, perché jé prépare per una carrera di modello internazionale!

SOL - Com essa cinturinha de ovo, só se for a XL bucho!

That’s all, pessoal

Cintilante

Eu nasci para brilhar

Se eu fui condição, já não me lembro

E se fui música, deixei pra lá

Desfilante

Com os paparazzi atrás de mim

Vou estrear em Hollywood

And The Oscar goes to Si

Mac, L’Oreal, Chanel,

Mary Kay e Givenchy

Virei top internacional

Au Revoir, Auf Wiedersehen

MI - Macacos me mordam!!! A que ponto chegamos!? Pensei que eu já tivesse visto de tudo nesta vida!

SI - O que foi, hein? Tá com invejinha porque eu estou bem mais em forma que você? Aceita que dói menos, meu amor!

MI - Só se for em forma de ovo! Olha esse teu bucho. O pessoal aqui não sabe, mas outro dia eu estava assistindo à novela em casa e a Si passou na frente da televisão: acabei perdendo 3 capítulos!

PAI - Parem os dois, por favor! Vocês são irmãos. E, Si, analisa direitinho. Você só está pensando em si. O que vai ser da música se só restarem seis notas musicais? Tenho certeza que você seria uma linda modelo, mas você faz muito mais bonito junto com os seus amigos.

SI - Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronta! Digam ao povo que a Si está de volta!

DÓ - Ai, que felicidade! Todas juntas outra vez!! Mas, e agora? O que a gente faz?

PAI - Faz o que sempre fez! E o que muita gente já havia esquecido… Faz junto, faz um pelo outro, faz até por um desconhecido. Muito tempo atrás, um certo alguém muito sabido fez uma premonição: "Sem união, o mundo morre, a alegria some, a paz se esgota, e nesse dia o silêncio baterá à sua porta”. Nossas crianças precisam de bons exemplos e, juntas, vocês mostraram que a união e a amizade são peças fundamentais para termos um mundo melhor. As diferenças sempre vão existir, mas as desavenças... Ah! Essas já ficaram para trás. E, como boas e velhas notas musicais, chegou a hora de cantar! Maria Gordice já está toda arrumada! O espetáculo já vai começar.

A amizade, eu e você

Nós sonhamos os mesmos sonhos

Dividimos fantasias

Relembrando tudo que ficou pra trás

Nós brincamos adoidados

Gostamos da mesma menina

O que é segredo de nós dois e de ninguém mais

Sentado ao seu lado ver o Sol

Conversando até o dia amanhecer

Dupla formada na hora do futebol

Ver uma nova amizade acontecer

No colégio ter com quem se preocupar

E em apenas um olhar se entender

Para sempre ao seu lado quero estar

A amizade, eu e você

NARRADOR - E mesmo anos depois, nunca se soube ao certo, o que, de concreto, aconteceu naquele dia. O que foi sonho, o que foi real e o que foi fantasia. O que, decerto, se sabe, e que pra vocês eu conto agora, foi que Maria Gordice cresceu, emagreceu e foi-se embora. Ganhou o mundo! Virou poesia. Formou-se bailarina. E a cada novo recital que, em meia ponta, a (agora) Luma Carolina se apresenta; e a cada nova nota que pelos palcos é ouvida, ressoa ao fundo um som profundo, que toca o coração de todo mundo que acredita. O som do amor, o som da amizade. É O SOM DA VIDA! E se você também acredita, outras belas histórias como esta não demorarão a acontecer. Basta fechar os olhos e se juntar à nossa tríade do amor: a amizade, eu e você!

FIM

Léo Risuenho
Enviado por Léo Risuenho em 28/12/2016
Reeditado em 16/01/2019
Código do texto: T5865753
Classificação de conteúdo: seguro
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