Filho da Terra- Segundo Capítulo "O pé de jaca e Vitória"

Segundo Capítulo- Primeira fase

O dia está ensolarado nas planícies de Goiás, o vento bate sobre as folhas das palmeiras e o enterro da jovem Vitória ainda acontece na fazenda da família Costa.

Álvaro está inconsolável por conta da perda da esposa e chora ao ver o caixão da sua amada descendo a sepultura. Ao seu lado direito está o seu pai Celestino que também expressa a sua emoção e do lado esquerdo do rapaz, está Caetana com uma expressão de desconforto, por conta do forte calor.

A governanta da fazenda, Dona Helena, ainda está com o olhar fixo em direção a Caetana, e a mulher acaba percebendo e isso lhe causa muito estranhamento.

Antes dos peões pegarem as pás para assim jogarem terra sobre a sepultura, Álvaro faz um sinal.

Álvaro:

- Mesmo coberto de dor, eu quero dizer algumas palavras. As últimas palavras para a minha tão amada Vitória.

Padre Cássio:

- Pode falar meu filho, Vitória merece todo o nosso carinho, antes que parta em direção ao Reino de Deus.

Álvaro:

- Meu amor, Eu não sei como terei forças para seguir a minha vida sem você. O seu amor, o seu carinho, é o que fazia a minha vida ter sentido, E todos os dias em que eu vivi ao seu lado foram uma eterna primavera. Eu espero de todo o coração, de que quando eu partir desse mundo, eu quero lhe encontrar no paraíso e ver novamente o seu sorriso de anjo, que tanto aqueceu os meus dias!

- Toda vez que eu olhar para esse pé de jaca ou colher os seus frutos, será como lhe beijar novamente meu amor, que saudades sentirei de você!

Nesse momento Álvaro não se contém, e as lágrimas correm novamente sobre o seu rosto. Celestino então abraça com força o seu filho. Então os peões começam a jogar a terra sobre o caixão e em questão de minutos tudo termina.

Com toda a sua falsidade, Caetana se aproxima de Álvaro e lhe abraça, o rapaz se afasta e sai correndo em direção a casa grande.

Caetana:

- Meu Deus, quanta revolta no coração, eu só quis prestar o meu carinho!

Celestino:

- O meu filho não fez por maldade Caetana. Ele está confuso com toda essa situação, afinal ele ama muito a Vitória.

Caetana:

- Eu entendo senhor. Mas o seu filho é muito jovem ainda, não é saudável guardar tanta mágoa, ele têm que seguir em frente!

- A minha amiga Vitória não iria gostar de ver o seu filho afogado nessa tristeza toda. O senhor como pai, deve aconselhar e dizer que ele deve encontrar uma outra mulher.

Celestino:

- Você está coberta de razão Caetana. Deixe que o luto de Álvaro passe e terei uma boa conversa com ele.

O velho Celestino se vira e caminha em direção aos seus amigos, que esperam para prestar as condolências. Já Caetana não consegue esconder a sua expressão de descontentamento. Ao fundo Dona Helena passa e ainda encarando a moça.

Fernando Furlan:

- Caetana, melhore já essa sua cara, daqui a pouco irão perceber.

Caetana:

- A minha amiga acaba de ser enterrada e você diz para mim melhorar a minha cara? Vai procurar o que fazer Fernando!

Cuspindo fogo, a mulher sai nervosa e deixa o seu irmão sem entender nada. Caetana resolve seguir a governanta Helena, para saber o motivo pelo qual a mulher a encara. Helena entra na cozinha da casa grande e percebe logo que está sendo seguida.

Dona Helena:

- A senhora deseja alguma coisa, Dona Caetana?

Caetana:

- Eu desejo sim Helena, quero saber direitinho, o motivo pelo qual a senhora não para de me olhar.

Dona Helena:

- Aah deve ser impressão da senhora, eu não iria perder o meu precioso tempo lhe encarando.

Caetana:

- Você resolveu bancar a desentendida, tudo bem, eu como sou muito boa, vou deixar passar... Mas da próxima vez, irei levar esse fato até o seu patrão. Melhor ficar esperta para não perder o seu emprego.

Caetana então esbarra na pobre governanta, e sai furiosa pelo corredor da casa grande. Mesmo com as ameaças de Caetana, Dona Helena não perde a sua pose e ainda comenta sozinha.

Dona Helena:

- Nada me tira da cabeça, que essa mulherzinha tem pacto com o DEMÔ.

Longe, muito longe da fazenda da família Costa, na beira da estrada de terra próximo ao estado do Tocantins, estão duas mulheres.

Uma está carregando uma trouxa de roupas nas costas e a outra está segurando na mão direita cesta velha com pães. São mãe e filha, fugindo da situação miserável que encontraram no norte do país. A mãe se chama Rose e a filha Anunciação, mas com carinho de mãe, Rose se refere a sua filha com Sansão, por conta dos seus cabelos longos e loiros.

Sansão:

- Mãe, estou muito cansada de andar tanto, os meus chinelos já estão gastos.

Rose:

- Minha filha, a paciência é a virtude do ser humano, ainda mais nos duas que somos filhas da seca. Vamos andando, rápido, antes que anoiteça.

Sansão:

- Eu não vejo a hora de pousar em um lugar tranquilo, onde possa descansar o meu pobre corpo muído.

A estrada é longa e o sol não contribuí muito para a continuidade da viagem dessas duas mulheres. Então a poeira da estrada se levanta e um caminhão pára ao lado das viajantes. A porta do veículo se abre e um caminhoneiro fala.

Caminhoneiro:

- Para onde vão essas duas moças?

Vinicios Gonsalo
Enviado por Vinicios Gonsalo em 07/09/2016
Reeditado em 08/09/2016
Código do texto: T5753447
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