Filho da Terra- Primeiro Capítulo "A morte de Vitória"

PRIMEIRO CAPÍTULO- FASE 01

Goiás, 1990.

A paisagem é vasta de verde, as planícies parecem que criam vida quando o gado dispara nessa imensidão ao som do berrante do vaqueiro. Tudo é vida com os pássaros de todas as cores enfeitando o céu de cor azul. Ao lado desse verde que emana vida, o rio corre forte procurando o mar, e as crianças fazem festa na sua beira, enquanto as suas mães lavam as roupas e cantam para espantar a tristeza sertaneja.

Mesmo com todo esse movimento que a natureza trás para a terra vermelha, na fazenda da família Costa, tudo é tristeza. Principalmente para o fazendeiro Álvaro Costa, que acaba de perder a sua amada mulher Vitória Almeida Costa, num fatal acidente. A pobre sofre uma queda de cavalo e quebra o pescoço.

A amiga da falecida, Caetana Furlan, consola o viúvo que parece estar inconformado com tal fatalidade.

Caetana:

- Meu querido, o meu coração está em frangalhos, só de ver a sua tristeza. Mal posso acreditar que a minha amiga Vitorinha, morreu.

Álvaro Costa:

- Dona Caetana, Eu também não posso acreditar, a minha amada Vitória se foi!

Acabamos de nos casar, estávamos tão apaixonados, fazíamos milhares de planos... E agora tudo vira pó, da noite para o dia!

Agora me diz Dona Caetana, como vou viver sem a Vitória? (tristeza).

Caetana:

- Você ainda é novo, vai encontrar uma boa esposa e ter novamente a sua felicidade.

Álvaro Costa:

- Não, não... A minha felicidade só fazia sentido ao lado de Vitória! Hoje a minha felicidade vai ser enterrada com ela, a minha amada Vitória.

Álvaro inconsolável com a morte do seu amor, vai até o caixão de Vitória e observa o rosto pálido da moça, então as lágrimas começam a cair sem parar do seu rosto. Caetana assiste a tudo com uma expressão de desdém, a mulher se retira do salão, onde está sendo velado o corpo de Vitória e sai um pouco na varanda para tomar um ar. De repente a mulher é surpreendida com uma mão puxando o seu braço. Quando Caetana se vira, percebe que é o seu irmão Fernando Furlan.

Fernando Furlan:

- O seu plano está caminhando conforme o esperado, conseguimos tirar aquela idiota da Vitória do nosso caminho irmãzinha.

Caetana:

- Isso mesmo, fale mais alto imbecil, daqui a pouco irão descobrir a nossa participação na morte da Vitória... Aí bye bye dinheiro, bye bye money!

Fernando Furlan:

- Nossa Caetana, eu venho comemorar contigo e assim que me trata? Com patadas?

Caetana:

- Cale a sua boca Fernando, não é o momento de comemorar, ainda não conseguimos colocar as mãos no patrimônio do Álvaro. Vou comemorar apenas quando tiver uma aliança aqui nesse dedinho. Enquanto isso não acontecer, tente ficar de bico fechado, entendeu?

Fernando Furlan:

- Perfeitamente Senhora.

Caetana:

- Agora vamos voltar para o salão e continuar com o nosso teatrinho. Vou colocar a máscara da amiga compreensível e consolar as dores do viúvo.

A megera adentra novamente a casa grande e se depara com Álvaro e o seu pai, Celestino Costa, abraçando o seu filho que está inconsolável.

Celestino Costa:

- Meu filho, acalme o seu coração, essa tristeza vai fazer mal para a sua saúde. Aceite a vontade de Deus!

Álvaro Costa:

- Deus? Que Deus é esse que acaba com a felicidade dos seus filhos dessa maneira? Eu não aceito o que ele fez meu pai!!! (tristeza).

Celestino Costa:

- Não se rebele contra os céus Álvaro, não podemos julgar os planos de Deus, só ele sabe o que é melhor para nós.

Caetana se aproxima e faz um carinho na cabeça de Álvaro.

Caetana:

- O seu pai está certo meu querido Álvaro, só Deus é capaz de saber o que é melhor para o seu rebanho. A revolta só vai fazer mal para o seu coração.

Nesse momento, Padre Cássio entra no salão e cumprimenta o velho Celestino e o viúvo. Álvaro chora compulsivamente.

O padre se aproxima do caixão e faz o sinal da cruz, então todos se reúnem no salão e fazem uma última oração para a alma de Vitória. A governanta da fazenda, Dona Helena, se aproxima do caixão e fixa o seu olhar em direção a Caetana. A mulher então percebe a maneira em que Helena a olha, e Caetana sente um frio na espinha.

O padre encerra a oração e avisa que é momento de fechar o caixão. Então Álvaro fica totalmente desesperado e impede que fechem a tampa. O rapaz se debruça sobre o caixão e faz um último carinho em sua amada. Celestino segura o seu filho por trás e finalmente a tampa do caixão se fecha. Álvaro cai no choro e o escândalo está pronto.

Caetana:

- Álvaro, pelo amor de Deus, se controle! Todos estão horrorizados com o seu comportamento! Já é um homem e tem de ter o controle de suas emoções.

Álvaro Costa:

- Falando assim, friamente, nem parece que você está sentindo a morte da sua amiga! (nervoso).

Celestino Costa:

- Para com isso Álvaro! Esse seu showzinho já deu por hoje!!!

Estão todos olhando, honre pelo menos a alma da sua mulher! (nervoso).

Padre Cássio:

- Fiquem calmos, Vitória precisa descansar, e essa situação não nos levará a lugar algum! Meu filho acalme o seu coração, vamos nos despedir de Vitória com tranquilidade, a mesma tranquilidade que ela levou por toda a sua vida.

Álvaro coloca as suas mãos sobre o seu rosto e limpa as lágrimas, então levanta a cabeça.

Álvaro Costa:

- O senhor tem toda a razão padre, esse meu escândalo deve estar envergonhando o meu amor. Quero que ela vá com tranquilidade para o Reino de Deus.

Celestino Costa:

- Assim que se fala meu filho, vamos sepultar a sua esposa de baixo do pé de jaca, que ela tanto gostava.

Celestino acompanha Álvaro até o caixão e olhando para o alto com uma expressão de tristeza, Álvaro pega a alça do caixão. Todos caminham até a sepultura de Vitória, rezando Ave Maria e atrás vêm Caetana carregando uma expressão de contentamento.

Vinicios Gonsalo
Enviado por Vinicios Gonsalo em 05/09/2016
Reeditado em 05/09/2016
Código do texto: T5751372
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