Flores de Verão

11º Capitulo

A partir daquele dia eu era uma rosa vermelha que tinha acabado de se desabrochar cheio de fascínio, beleza e paixão. Não entendia da onde vinha tamanho encanto por flores. Minha mãe me contava apenas meu lado de menina comportada o que lhe era conveniente, eu não suportava ser enganada daquela forma eu sabia que existia uma Emma temperamental, corajosa, com energia e paixão. Talvez ela desconhecesse e a Nathally também, então eu olhei para o horizonte da janela do meu quarto que parecia mais uma jaula e pensei quem é esse alguém que me conhece de verdade, por inteiro.

Enquanto esse alguém não aparecia, andei me entregando para o mundo, dançando e deitando com desconhecidos, experimentando novos sabores, vinhos, champanhe, tequilas. Conheci pessoas diferentes, comidas variadas, viajei, aprendi culturas diferentes. E escrevi todas aquelas aventuras como um diário ao som de Love The Way You Lie (Eminem e Rihanna).

Uma noite depois de varias tentativas de me convencer que eu era a melhor das filhas minha mãe desistiu e contou que antes do acidente eu morava em Phoenix e que lá eu tinha uma vida paralela., diferente.

- Por que você não me disse isso antes?

- Pelo mesmo motivo que você sempre vai embora e eu queria você aqui comigo.

- Mãe, eu te amo. Mas é egoísmo de sua parte me prender aqui ao seu lado, me escondendo da minha vida.

Ela decide contar tudo, todos os detalhes, meu pai que faleceu, meus amigos Phoenix e do Evan que ela definiu como um caso. A minha mente se clareou evidenciando flashes do meu passado. Lembrei-me do sorriso da Ashley e da barriga dela crescendo aguardando um novo ser. Lembrei-me da Leona pintando um retrato meu pai que ela me deu de presente no meu aniversario em 2008, Lembrei-me do Jude cantando no Karaokê em uma festa no celeiro. E como eu não poderia esquecer, lembrei-me do Evan tocando e cantando The Scientist de smoking em seu castelo de flores. Faltavam poucos meses para 2010 acabar, praticamente um ano desconhecendo metade de mim.

- Você vai voltar quando para Phoenix?

- Não sei, talvez depois do casamento da Nathally e do Adam.

E o casamento de Nathally e Adam aconteceu, na verdade se tratava de uma cerimônia simbólica sem toda aquela tradição de igreja, acontecendo um Lual na praia bem do jeito Adam e Nath. Tantas coisas passaram em minha mente enquanto o cerimonialista fazia seu discurso. Pensei em como eles se conheceram e que a Nath o amou sempre e eu menosprezei os sentimentos dela, sobrepondo os meus.

Na festa após o casamento, eu entrei no mar deixando as ondas tocarem minha pele, uma onda mais forte me derrubou e levou-me com ela para o fundo, tentei lutar contra a correnteza o cansaço me venceu e deixei- me flutuar até o fundo até me sentir sendo puxada para superfície, era o Matt que se tornou o meu herói particular. Ele me pós-deitada na areia, fazendo o salva vidas com respiração boca á boca e apertando meu tórax fazendo água salgada do mar ser expelida pela minha boca e eu recuperar o fôlego e sentidos.

- Ficou louca, queria se matar?

- Foi um acidente

Ele me abraçou e me sentir tão frágil, tão ridiculamente boba. Odiava me sentir assim não condiz com a mulher forte e independente que me tornei. Tentei explica-lo que eu sabia nadar, mas que foi muito forte. Ele me pegou em seus braços e me levou para o outro lado da praia.

- Matt eu preciso ser sincera com você, recuperei a memória.

- Temi que isso acontecesse mais cedo ou mais tarde. Sabe eu até me acostumei com a Emma doidinha, inconsequente (ele rir). Mas agora o que você vai fazer?

- Eu tinha amigos antes do acidente, mas eles estão seguindo suas vidas e faz dois anos que estou praticamente sozinha; também tinha uma pessoa que eu amava que eu esperei por anos. Eu sempre me questiono se é ele que não quer voltar para mim, poxa faz quase três anos eu sofri esse acidente, perdi a memória...

- O que você faria se estivesse no lugar dele?

- Pegaria o primeiro avião de volta para a América e não saia mais do lado dele. Como uma pessoa que ama faz.

Depois das lagrimas e do desabafo, deitamos na areia e não ligamos de sujarmos nossas roupas de casamento, ficamos olhando as estrelas e apontando os formatos que elas faziam. Eu me inclinei sobre o Matt e o admirei ele se aproximou ainda mais ficando apenas um centímetro de distancia dos meus lábios, ele passou as mãos sobre o meu rosto entrelaçando os seus longos dedos sobre meus cabelos ensopados e sujos de areia. Até que delicadamente seus lábios acariciaram os meus, nossas línguas se mexiam de forma agradável e o beijo deu inicio a diversos carinhos. Ele me levou até sua casa, mas nem chegamos a entrar, o joguei na piscina e ele me puxou para dentro dela. A água estava congelante, porém os beijos e as caricias de Matt me aqueceram. E por consequência de tudo que era gostoso, fizemos amor e foi tão bom de uma maneira inexplicável. Não o amava, porém precisava dele, gostava de estar com ela e saber que o Matt nunca iria me deixar.

Amanheceu e acordamos juntos de conchinha na cama dele, eu realmente não entendo como eu parei lá, talvez eu estivesse tão anestesiada com tudo que aconteceu que nem o notei me movimentando até seu quarto. Ele ficou olhando, me encarando.

- O que foi?

- Você fica linda, com cara de sono, sem maquiagem e despenteada.

- E com mau hálito (risos)

- Esqueci-me desse detalhe (ele a beija)

- Quer casar-se comigo Emma?

Sorri e falei quase sussurrando QUERO

- Eu não ouvi direito o que você disse?

- Eu disse quero

- Ainda não ouvi direito, acho que to surdo.

Então eu gritei alto o mais alto para o mundo ouvir EU QUERO CASAR COM VOCÊ, MATT STRAIT!!!!

Mesmo todos achando uma atitude precipitada, eu não encontraria uma pessoa melhor para dividir todos os meus dias. Anunciei o noivado.

Era novembro quando voltei para Phoenix, à casa da fazenda estava deserta. Com folhas, teias de aranhas e poeira por todos os moveis. O celeiro estava infestado de ratos e baratas e as flores do canteiro estavam mortas, nada fazia mais sentido eu não tinha mais por que ficar em Phoenix, passei para um pen drive tudo que eu tinha escrito do livro alguns capítulos e não fazia ideia como recomeça-lo, pois tudo que eu havia escrito tinha haver com o Evan, um tutorial de como ser o cara o perfeito. E depois de todos esses anos longe dele, percebi que era uma idealização do príncipe encantado que tanto sonhei.

Arrumei uma mala de roupas que eu havia deixado como precaução de que eu estaria de volta depois da festa de Ano Novo em 2009. A casa estava da mesma maneira que a deixei antes da viagem, a garrafa de vinho seca em cima da mesa da sala juntamente com uma taça empoeirada e o notebook na escrivaninha, a árvore de natal apagada, enfeites do clima natalino. Todas aquelas coisas me encheram de melancolia e pensei em me despedir de todos antes de ir definitivamente para Califórnia.

Na minha caminhada parei por um lugar que um dia me promoveu alegria a mansão sombria e colonial do Evan Holden, os portões como sempre abertos, notei que as flores continuavam viçosas mesmo com os efeitos do Outono e o que me impressionou mais foi uma música vinda de dentro da casa, andei com cautela e a cada passo que dava em direção à porta o som se tornava mais presente.

Era o piano do Evan, abrir a porta vagarosamente e me deparei com o Evan. A luz do sol adentrava a casa, iluminando o local em que ele estava a tocar Someone Like You- Adele. Seus olhos cerrados, sem camisa, pareciam um anjo, tinha quase me esquecido de como a beleza dele era sobrenatural. No instante em que me viu a música perdeu o tom, ele se levantou assustado, indo a minha direção.

- Evan, você voltou quando?

- Voltei há seis meses

- E por que não me procurou?

- Mandei varias mensagens, foram meses e meses sem respostas. Ligava para você e nunca atendia, até que um dia sua mãe atendeu e falou do acidente, tentei vê-la, mas ela disse que seria perca de tempo (as lagrimas inundam seus olhos) ela falou que você tinha morrido. E eu não a questionei, pois era sua mãe, mas a verdade é que ela não confia em mim. Acha que nunca vou ser bom o suficiente para você

- Eu não acredito em você, ela não faria isso.

- Para lhe proteger de se magoar com um canalha que te deixou sozinha e fugiu para o mundo, acho que ela seria capaz sim. Passei dias e noites em claro, lembrando-se de você, a saudade tomou conta de mim e eu pensava que nunca mais iria lhe encontrar.

Ele encosta sua testa contra a minha e suas mãos me tocam para confirmar que aquilo não era um sonho.

- Evan Sonhei todos os dias desde que você viajou com esse reencontro, mas as coisas mudaram, eu fiquei meses em coma, perdi a memória, comecei a agir estranhamente e conheci outra pessoa e vou me casar.

Evan se afastou de mim, desviando o olhar para um lugar qualquer e andando de um lado para outro perplexo com as mãos na cabeça, até que ele começa a falar e meu coração acelera.

- Espero que essa pessoa te faça feliz e que ele seja o homem que você tanto sonha.

Viih Kelly
Enviado por Viih Kelly em 08/07/2016
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