Flores de Verão

6º Capitulo

Sentei na primeira fila aonde ele pudesse me ver, depois de um concerto de opera ele foi anunciado. Ele entrou perfeitamente no palco em seu smoking, cumprimentando o público e sentando em um piano ele tocava Clair de Lune ele sentia a música e fechava os olhos concentrado em cada nota totalmente envolvido no ritmo. E eu nunca tinha ouvido nada parecido e meus olhos se fixaram nele em tamanha admiração era tão lindo, tão suave que eu senti algo bom dentro de mim. O casal ao meu lado comentava entre si “Ele é muito bom, teria muito sucesso em grandes apresentações em Nova York, querido você sabia que ele também canta.”.

Eu pensei. Ele não vai aceitar ser o meu autor.

Ao terminar a apresentação fiquei a espera dele na recepção do hotel, depois de poucos minutos eles descia as escadas iluminadas com uma simples rosa branca na mão. Ele veio em minha direção com um sorriso sincero estampado em seu rosto entregando a rosa para mim.

- Eu nem sei o que dizer Evan, mil desculpas pela forma como eu agir com você hoje mais cedo.

-Emma seja verdadeira você não veio aqui para me ouvir tocar e nem para pedir desculpas

- Falando sério eu vim motivada por um sonho meu

- Acho melhor falarmos desse sonho em um jantar, você não acha?!

Eu aceitei e entrelacei meu braço no dele, ele me levou para o restaurante do hotel.

- Vou gastar todo meu cachê para pagar esse jantar

- Evan a gente dividi

- Tudo bem, eu não tinha dinheiro para tudo mesmo.

Os dois riem um com o jeito do outro, Evan observava Emma por cima do cardápio ela estava completamente confusa com tantos copos, talheres e comidas que ela só tinha ouvido falar.

-Eu sei que pode ser rude da minha parte, mas você não acha melhor comermos uma pizza de calabresa com queijo derretido.

A descrição da pizza parecia bem mais apetitosa do que o caviar e o champanhe francês eles então cancelaram o jantar e saíram comendo pedaços pizzas pelas ruas desertas na madrugada da cidade.

- Me conta do seu sonho Emma

- Eu sempre amei escrever, essa a coisa que eu mais sinto prazer em fazer a junção das letras, das palavras é o que da sentindo a minha existência. Porém viver disso requer riscos que eu não estou disposta a correr, eu teria que mostrar pro mundo à verdade que existe aqui dentro de mim a menina medrosa, desengonçada, fraca e eu tenho vergonha. E você é querido por todos da cidade e vai ser conhecido por todo o mundo pela sua música e pelos meus livros se você aceitar doar sua assinatura para as obras que eu pretendo escrever.

- Emma esse é um convite tentador é uma proposta irrecusável, eu aceito, pois acredito nessa menina que existe dentro de você, confio no seu amor. Você lembra quem eu sou?

- Meu pai falou algo de você e eu, éramos amigos na infância.

- Amigos não é a palavra certa, eu fui seu protetor, cuidava de você desde que tinha três anos e eu um garoto de oito anos que tinha o dom de lhe acalmar em meus braços. Eu que contava histórias para você antes de dormir, brincávamos no balanço do parque e você dizia para todo mundo que nós iríamos nos casar. Ai um dia houve um acidente com você no lago próximo ao parque e você quase morreu por um descuido meu e sua mãe decidiu que eu não era mais a pessoa adequada para cuidar de você. Logo depois seus pais se separaram e ela levou você para longe de mim. Hoje de manhã vendo você tão indefesa lembrei aquela menina e me sentir com vontade de protegê-la e agora vou ajuda lá com a maior satisfação desse mundo.

- Obrigado Evan, mas aquela menina tá no passado aconteceram coisas que... Eu não estou preparada para dizer

- Tudo bem Emma, esperarei seu coração ficar mais leve. Sabe o significado dessa flor branca que lhe dei?! Significa aquela que não conhece o amor, significa pureza em todos os seus sentidos, guarda ela com você.

Emma sente aquele clima de pré- romance e resolve ir embora antes que seja tarde demais, a rosa ganha espaço em um pequeno jarro com água na cômoda ao lado da cama de Emma onde ela a admirava e tentava entender o porquê ele falou “Aquela que não conhece o amor” Emma- parecia sempre que ele me entendia e conhecia mais do que qualquer pessoa desse mundo. E toda aquela história dele ter cuidado de mim, então por que meus pais nunca comentaram nada.

Ela então procura em todos os álbuns de sua infância algum rastro da presença de Evan, até que achou uma foto do aniversario dela de seis anos e ao seu lado estava o Evan um menino rechonchudo com as maçãs do rosto protuberantes e coradas se não fosse pelo sorriso que permanece o mesmo, ela não saberia.

No dia seguinte no café da manhã, Emma percebe que seu pai estava abatido com aparência de quem não dormia há dias e com a barba a fazer.

- Pai tá tudo bem? Seu pai não responde deixando aquela interrogação no ar, Emma não desiste e faz o mesmo questionamento a Leona que não exita em falar.

-O John está assim há meses, começou se queixando de dores de cabeça intensas, tonturas, perdeu o apetite, peso, pediu semanas de licença na delegacia. Ele foi ao hospital fazer uma consulta de rotina o doutor Charles o encaminhou á fazer alguns exames e desde que saiu o resultado ele está assim calado.

O senhor Medson deixou uma lagrima cair sobre seu rosto, respirou fundo e soltou palavras dolorosas - John: Estou com câncer no cérebro. Por isso Emma que eu fiz tanta questão que você entrasse para policia e você conseguiu, daqui a poucos dias será minha chefe, meu orgulho. Eu sei do diagnostico a mais de um ano, desde o dia em que você bateu em minha porta, mas não aceitava o fato de ser incapaz, de ser um doente dependendo de enfermeiros e sua chegada me deu esperança, com os meses que iam se passando eu percebi que meu fim estava cada vez mais próximo e que eu tinha que aproveitar cada segundo foi quando me dei conta que a Leona sempre estava ali do nosso lado, com os dias que eu passava na solidão dessa fazenda ela foi o meu apoio, quem me deu sentido para viver.

Emma-

Eu me levantei perplexa da mesa, peguei meu carro e dirigir sem um caminho certo, parei no encostamento da estrada e me desabei em lagrimas, o sol estava refletido pelas janelas de vidro do meu carro evidenciando milhares de cores e lembrei que alguém havia me falado a beleza da vida está ao meu redor em tudo que está ao meu alcance e aquelas que eu posso imaginar. Decidi encarar a vida de frente e o que tiver que acontecer vai acontecer e eu vou está forte para suportar.

Os meses se passaram lentamente e eu via meu pai enfraquecendo pouco a pouco, amanhecendo e anoitecendo deitado em uma cama de hospital eu praticamente dediquei todo o meu tempo a passar os dias com ele. Papai me contava sobre sua infância e como conheceu minha mãe, descrevia com riqueza de detalhes os casos que enfrentou quando se tornou policial, falou de quando eu nasci e que ele e minha mãe não tinham menor ideia do que fazer com um recém-nascido. Certo dia em uma manhã sombria de inverno ele não acordou deixando reticências “...” na história que contou na noite anterior e em sua vida. Eu não me permitir chorar, não queria isso e nem ele, enquanto isso Leona estava arrasada queria fazer algo por ela sei o quanto ela fantasiava um futuro pros dois.

E como ele pediu fui trabalhar na delegacia me deparei com casos que eu tive que utilizar tudo que aprendi na minha formação, agucei meu censor de investigação, solucionei alguns casos de assalto, assassinato, violência nada me assustava. Só tinha medo de uma pessoa e era o Adam, na minha cabeça ele era o conjunto de coisas ruins que acumulei durante toda minha vida e aquele olhar de louco perseguia em meus sonhos.

Viih Kelly
Enviado por Viih Kelly em 02/07/2016
Código do texto: T5685375
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