Magia negra

Odiava o seu serviço no restaurante, odiava o inferno da chapa quente onde bifes e queijos queimavam num óleo sujo e pardo e na banha escura e velha. Quando soube quem era o próximo cliente arregalou os olhos, era o destino, e num ímpeto de fúria e certeza cuspiu forte na carne que fritava onde o demônio se manfiestou em furiosas espumas ardentes. Mandou o a iguaria pelo garçom. Disse a si mesma:isso ainda não é vingança, aquele porco merece mais.

Passaram-se meses. Certo dia, antes de entrar no ônibus e que pudesse subir a pequena escada, uma mão forte a puxou pelo braço e a trouxe pra perto dele, o porco. Assustada pensou, como ele soube o que eu fiz? Esperava o pior, iria pedir socorro quando foi calada por um ardente beijo na boca, apaixonado e quente como nunca sentiu antes.Rendeu-se então e é claro que o ônibus não poderia esperar. A nave partiu enquanto o amor decretava a ordem do dia na calçada. Disse a ela que teve saudades, pediu desculpas e não sabia dizer por que mas lembrou dela e teve muitas saudades numa lanchonete em que comeu há algum tempo atrás. Ela não sabendo o que dizer achou melhor beijá-lo novamente. O feitiço quando mal feito sempre retorna, e quando foi que a terra presenciou um feitiço bem feito.

daniel mafra
Enviado por daniel mafra em 24/02/2017
Reeditado em 24/02/2017
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