Entre 2 Compadres

2010. Estava voltando de Machu Picchu, exatamente na travessia entre Olanta y Tambo e Valle Sagrado. A van lotada de europeus. Do nada Cat Stevens aparece nos falantes e um adolescente respeitoso e prestimoso com suas raízes e origens, pede silêncio e diz para os demais: "façamos uma prece em forma de silêncio para louvar Cat Stevens".

Apartando-se do que estavam fazendo, todos curvaram-se... diante das palavras do mestre, Cat Stevens. Fiquei extasiado!

Moral da nota: cultura e valorização patrimonial são coisas valiosíssimas; e povo que não cultiva o ouro achado, será eternamente povo provinciano; e para o bem da verdade, é como o papo de dois caipiras que se encontraram na boca da noite para filosofar a vida do povo: "é sempre a mesma coisa: nada de velho, nada de novo, ainda mais quando a massa de manobra é pau mandado, compadre."

Para quebrar o silêncio e após dar uma longa e sortida baforada no pito velho, mal acabado e paz iluminador de ideias, o outro resmungou seu descontentamento: "Indiferente a cor, poder aquisitivo, aparências, escolaridade, crença, altura, o carro que usam, parece-me que essas megeras vieram ao mundo sob encomenda e fazem questão de ser assim e não mudam, nunca. Fazer o quê... compadre? Vírus ruim quando se torna resistente, leva-se tempo para estudar uma vacina; demanda paciência, provetas e labor para pesquisar um antídoto. Mas uma hora a casa cai; ah, se cai...; dê ao tempo o que lhe pertence, que em nome da transformação, o faiscar fulminante do relâmpago iluminará a mente desse povo!"

© obvious: http://obviousmag.org/ministerio_das_letras/2017/03/cat-stevens-foi-a-poeira-ao-vento-da-musica-mundial.html#ixzz4c6VcooRW

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Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 21/03/2017
Reeditado em 22/03/2017
Código do texto: T5947979
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