O trem metropolitano parece parado. Vultos  velozes de homens e de mulheres passam voando, penduradas como blusas em movimento. Não dá tempo de  reconhecer  as bonitas que se misturam com as dentuças, banguelas, brancas, pardas, e amarelas... Homens de toda estatura: sérios,  grandes, pequenos, negros e branquelos, corados, e  amarelos. Boas e más  criaturas voam vestidas  de muitas cores e  etiquetas, que revelam o nível social e o poder aquisitivo  de cada uma delas. Panos finos ou grosseiros, mulheres, homens e meninos, em etiquetas   famosas, também as baratas compradas na feira livre viajam no lotação. Gente que tem pressa de chegar, outros tardios. Lentos corsários tomam de assalto uma presa. Apressados leopardos, trombam na calçada. Na plataforma é o trem que corre nos trilhos levando mulher, marido e filho nem sempre para o mesmo lugar. O trem chia, chegado.  Fernão ocupava uma cadeira no primeiro vagão. Ravenala  desembarca na Estação Carioca. O passageiro segue viagem. Nunca lhe dirigira a palavra senão, quando a perna da moça ficou presa no vão entre a plataforma e o trem.
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Adalberto Lima, trecho de Estrada sem fim...