A ESPERANÇA - E NÃO É QUE ELA MORREU!!......

Em pleno século XXI, se tem uma coisa que ainda é um mistério para o ser humano é a fórmula perfeita para que um relacionamento dê 100% certo. Quando se existe um “nós” no meio da frase ou de uma vida a dois e não apenas um “a gente”, é porque uma vida já está pronta para ser compartilhada com outra. E tomar uma decisão nunca é tarefa fácil; principalmente quando não se está sozinho.

Em muitos casos, pelo menos, a realidade é esta. E neste caso que vou contar não foi diferente. No início várias coisas eram motivos para vários “e se...”. Só que o tempo foi passado, a possibilidade de dar certo foi se fazendo mais concreta e depois de muito pensar, uma conclusão foi tomada: valia a pena tentar.

E tentaram. E deu certo. E foi bom. E foi maravilhoso. E parecia certo, natural. O encaixe era perfeito. A química explosiva.

Foi quase uma década de vida a dois. Mesmo com obstáculos, alguns erros e muitos acertos, parecia que tudo ia se encaixar para sempre. Como um quebra-cabeça montado a quatro mãos.

A longa viagem apesar de muito agradável, foi um pouco tortuosa. Nela, a esperança caminhava junto com o amor, felizes da vida. Por um longo trajeto ela e ele percorreram de mãos dadas o caminho, convictos da força que tinham quando estavam juntos.

Mas o tempo foi passando e quando o amor percebeu que não era mais bem vindo, que tinha que concorrer com outros sentimentos, quando ele viu que não era prioridade fazia tempos e que flechas de flerte eram lançadas a esmo a outros corações, tratou de se retirar discretamente do campo de batalha.

Ele não tinha forças para ficar e assistir outro tomar seu lugar. Havia se dedicado muito para fazer dar certo. Ele tinha feito de tudo, absolutamente tudo. Muitas vezes errou, na tentativa de acertar. Algumas vezes até errou feio, mas a causa era tão nobre e verdadeira que achava que sacrifícios eram necessários para quem deseja vencer não só uma batalha, e sim, uma guerra inteira. Só que, no final, sua vontade e força de fazer dar certo não foram suficientes. Para continuar vivo, precisava de sua outra metade, aquela que o completava e que habitava outro corpo e que já não batia no mesmo compasso que ele.

Por vezes parava para pensar, na tentativa de entender toda aquela situação. Não entendia e nem aceitava. E após pensar, pensar, e pensar chegou a uma triste conclusão: de que sem outras pessoas por perto, ele era importante sim, era prioridade. Chegava a ser até intenso, não demais, nem de menos, mas na medida certa. Era verdadeiro.

Mas, em terra de facebook e whatsapp, amor verdadeiro vira cadáver. Quando a rede se conecta e o mundo se interliga através de uma tela iluminada, o toque é substituído pelo touch, a concorrência cresce, fica completamente desleal, joga-se sujo e a consequência é que ele - o amor - perde a importância. O sinalzinho dele custa ficar azul e a resposta demora a chegar. Comentários, elogios e curtidas nem pensar! Alguém pode ver... aí pega mal... E ele, o amor? Fica esquecido, rebaixado a uma vaga lembrança.

O amor é exigente. Não se contenta com pouco. Mas ele não exige nada do que o dinheiro pode comprar... O que ele realmente queria e quer são coisas tão simples... carinho, atenção, lealdade, fidelidade... Ele só queria sentir que era amado, só queria ser correspondido, só queria sentir a sensação de que foi escolhido entre tantas opções, se sentir único... Ele queria realmente se sentir especial, sabe?! Era só isso que ele queria.

Mas a vida não é justa e ele passou a ser apenas mais um. Foi aí que percebeu que o mais certo a fazer seria seguir um novo caminho. Um caminho meio solitário, mas um caminho sem dor. E foi nessa hora que ele e a esperança se separaram. Ela ainda tentou argumentar, pedindo que ficasse e provasse mais uma vez que podia fazer dar certo, que ele era perfeito para ela, mas ele achava que não tinha sido valorizado como companheiro. E ele se foi, deixando-a sozinha.

Dizem que a esperança é a última que morre...

Pode até ser, mas uma hora até para ela o momento derradeiro chega.

E ela não aguentou muito tempo sem ele.

E não é que ela morreu?!...

Depois de agonizar por quase 06 anos, 02 meses, 17 dias e 12 páginas mal lidas, sobrevivendo com “ajuda” de aparelhos (smartphones, notebooks, entre outros), ela deu seu último suspiro.

Também, quem resistiria a indecisões, falta de atitude e contradições? Nem mesmo ela aguentou.

O que dizer depois de ter uma linda noite de amor e escutar um “eu amo você” e no dia seguinte receber uma mensagem de “obrigado por tudo”? Pois é... uma mensagem como esta, a mesma que se mandaria para um vizinho/a agradecendo uma carona ou qualquer tipo de favor... e se depois disso tudo, ainda viesse um sumiço de três dias? Depois mais seis dias?

Ai sim não precisaria de mais nada; o programa intitulado de “sentir-se a última bolacha do pacote” já havia sido instalado com sucesso. Aí deu bug!

Meu Deus!! Cadê o romantismo?? Cadê aquele “é sempre bom estar com você”, ou “como sempre sua cia é maravilhosa”... Não teve... Talvez teria sido melhor o silêncio. Ou menos pior...

Esconder o que se sente, perder tempo com medos bobos, não aproveitar as oportunidades para ser feliz, causar insegurança no outro fazendo ciúmes, deixar de dar atenção, deixar a incerteza reinar, ter vergonha de se mostrar em público juntos e principalmente não fazer demonstrações públicas de carinhos... tudo isso são sintomas sérios, que se não forem tratados a tempo, levam a óbito qualquer sentimento.

Bom... foi exatamente isso que aconteceu... a esperança morreu. E se alguém perguntar a causa-mortis, pode-se dizer que foi amor. Amor não correspondido, com insuficiência de reciprocidade, ausência de fidelidade e tendo como agravante a falta de querer fazer dar certo.

Uma pena... eles formavam um casal tão bonito...

E, para que pelo menos possa se fazer uma última homenagem póstuma – mais do que merecida, diga-se de passagem – pede-se que na lápide sejam gravadas estas derradeiras palavras:

“Vim, vi, me apaixonei a terceira e certeira vista e amei intensamente enquanto eu pude.”

Manu Ferrugini
Enviado por Manu Ferrugini em 23/05/2017
Reeditado em 23/05/2017
Código do texto: T6006651
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