A VIDA SECRETA DAS ÁRVORES

As árvores são grandes mães com pés enfiados no chão e cabeça sacudindo cabelos ao vento. As árvores são beatitudes de Deus e carregam um ventre aéreo que acolhe outras vidas dentro da sua vida. Arrancam com suas raízes o fruto d’água que vem do chão. Lavradoras escavam e buscam no profundo do mais fundo o alimento, a seiva, o pão. Árvores esguias, longilíneas, compridonas. Pequenas, magrinhas, franzininhas e delicadas. Árvores rechonchudas, troncudas, abaloadas. Disformes, entortadas, deformadas. Sejam como forem, as árvores são abençoadas. Onde existe árvore, existe segurança. Uma árvore é confiança. Toda árvore inspira amizade. É uma confidente amiga para qualquer problema urgente. Ou para um simples bate papo sobre a rotina ou um enfado. Basta sentar-se ao seu lado, ou logo embaixo e começar a falar. Mas, se as palavras não vierem, o silêncio também compreendem. Se quiser apenas chorar, pode chorar à vontade e assim que terminar, acredite: tudo estará diferente. As árvores são maternais e cuidam bem de seus filhos. Por meio de fungos profundos, trocam mensagens secretas, falam de nós e dos animais. Cuidam umas das outras, sem se esquecer de ninguém. Suportam a dor do corte e florescem de novo também. Se uma árvore cruzou o seu caminho, sinta-se abençoado. Cuide dela com carinho, de suas folhas, de seus galhos. Árvores possuem espírito, e espíritos bem elevados. Sentem o seu carinho, mas também seu desamor. Mensageiras de Deus trazem um corpo tatuado pelas histórias de vidas vividas em seu presente ou passado. O tronco descascado é como um rosto enrugado. É memória tátil que Deus imprimiu num corpo rijo enredado. A seiva corre em seu entremeio como sangue na veia corre; um sumo bem encorpado, um elixir de poder. As árvores bebem do sol o ouro que vem do céu. Alimentam-se da luz que vem do próprio Deus. Por isso, podendo toque-a e o sagrado virá. Envolva-a com seus braços e deixe-se abraçar. Permita-se ser alcançado pelo poder sobrenatural capaz de anular energias e aniquilar todo mal.

Adelaide de Paula Santos em 29/03/2017, às 23:28.

Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 29/03/2017
Reeditado em 02/04/2017
Código do texto: T5955853
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