Foi há um ano...

Foi há um ano que eu te conheci. Eu me lembro de estar em casa. Uma notificação me surgi. Eu vejo aquela mensagem e logo nos trocamos palavras divertidas. Eu ainda era um garoto de 22 anos, protegido do caos. Eu não imaginaria que serias meu céu e não imaginaria que tinhas a chave do meu inferno.

Eu me encantei nos primeiros gestos. Nós parecíamos tão vivos conversando. Falávamos bobagens da vida. Aquilo me inspirava a te conhecer. Eu sei que tinha medo e nem tu acreditavas que era eu. Lutaste para ver minha forma física. A curiosidade te atingia. E eu... escondia dentro de mim. Eu te prometia. Eu queria. Não podia te sentir por dentro. Eu te disse: eu vou voltar. Eu vou estar.

Um mês depois, eu voltei. Ainda naquele mesmo sentimento. Era uma cadeia. Tu tentando me tirar dali. Eu era ingênuo demais pra crer, mas meu coração batia mais forte. Estava cercado entre arames. Nem minha voz ecoava para dizer o quanto eu te queria. Num belo sábado, eu te encontrei pela única vez naquela praia. Seria meu paraíso. Eu, a encantada. Te encontrei junto com uma amiga. Seria meu único dia perto de ti. Eu prometi que iria voltar. No outro, já tinha ido embora para sempre e não reparei.

Na distância, trocávamos notícias. Eu era a segura de que meu céu estava ali. Nós contando todos os dias para voltar. Era caloroso, receptivo. Eu ainda me lembro da promessa de viajar contigo. Conhecer novos horizontes. Fica mais apaixonado, encantado. Eu só queria estar ali.

Eu te escrevi. Eu fiz um texto apaixonado. Te enviei sem notares o meu desejo. Eu queria que sentisse a minha verdade. Foi lindo ler que fui o primeiro a te deixar um registro de carinho. Eu chorei. Foi o ápice da minha paixão por ti. Eu realmente vi o sorriso mais lindo. Definitivamente, eu estava no céu ao teu lado, mesmo em espaços distantes. Eu te amei.

No outro momento, meu coração transbordou. Eu te dediquei a minha escrita poética. Minha declaração do quanto eu te amava. Tu te assustaste. Eu realmente nunca tive o toque do corpo. A minha emoção foi a mais forte. E quando fui falando em áudio, escrevendo, emocionada... tu me deste a chave do inferno. Tudo do passado morreu quando disse "eu te amo". Eu sabia que tinha errado ao não ter dado a curiosidade o devido lugar. Por não ter lutado. Eu começei ali a desaparecer. Não me culpo, mas me dói.

Eu sei que devia voltar e te ver. Eu corri atrás de disso. No fundo, foi tu que sentiste o mesmo medo que eu senti. Não era um medo de amar, mas de me fazer apaixonar. Eu não era mais a tua curiosidade. Eu apenas me tornei um alguém. Tu me deixaste quinze dias ali, sentado a beira da Baia. Eu imaginava que tudo podia mudar... E fiquei. Te desafiei com textos duros, malditos, doloridos. Ficavas com raiva com tantos ataques. Era eu quem estava sofrendo e tu estavas vivendo.

A morte veio quando voltei e teu novo alguém quis saber quem eu era. Não te preocupaste com a minha dor ou com meus sentimentos. Me mentiste. Não aceitaria alfuém do meu lado desta forma. Eu fui sincero até o meu último dia contigo. Eu sabia que não havia mais sensibilidade ou reciprocidade. O teu "não" me abriu para um alguém que resolveu viver a vida sem ti. Apenas ficamos educados e mortos por dentro.

Foram tantos corpos e sentimentos posteriores. Muitos podem achar que não superei. Sim, eu superei. Eu supero. Eu luto para não saber que estiveste em mim. Vivi novas histórias. A maioria não teve um final, mas tiveram algum tipo de aprendizado que me fez ser mais forte e dona de si. Assim como aceitei que foste meu aprendizado. Eu queria ter estado contigo, mas aceitei com rosas em túmulo. Eu sinto saudades, mas sei o quanto é tarde. Ressucitar ou reencarnar não iria trazer aquele colorido de quando nascemos. Eu aceitei a morte

"Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade". Assim dizia Clarice. Eu mudei. Mudei por mim e pra viver. Mesmo no tropeço, eu sei que um dia será após o outro. Eu sou grato por ter sido feliz enquanto estive vivendo contigo. Ao teu "não" bem, eu aprendi alguma coisa...

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 22/10/2017
Reeditado em 22/10/2017
Código do texto: T6149483
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