O ESPÍRITO NATALINO

No natal, a compaixão aflora e todos se lembram dos pobres, dos oprimidos e dos incompreendidos. Uns porque de fato são piedosos e adeptos à caridade, outros, só por desencargo de consciência. Como o ser humano é insensato e controverso! A mão que se estende para doar faz com que a mão que se entende para receber perceba quão grande é a desigualdade e o quanto ela lhe diminui. Dói não ter o que tem que ter, ser o que não se quer ser... ser quase nada; viver no meio do nada. Pois, depois do natal, as portas dos corações se fecharão, Papai Noel voltará ao seu reino gelado e a vida seguirá seu curso “normal”. Poucos, durante doze meses, terão muito mais do que precisam. Muitos não terão sequer condições básicas para viver dignamente. Estarão por aí, vagando em meio ao acaso, conquistando nada ou quase nada; lutando para manter o bem mais precioso que o homem pode ter: a própria vida.

Bom seria se todos tivessem igualdade de oportunidades! Que o sucesso dependesse somente de garra, de perseverança e de competência. Utopia! Mera utopia! O sol verdadeiramente nasce para todos. As oportunidades, não.