“O homem que não lê não pensa” Saussure

Há alguns anos ao ler este pensamento, aos meus ouvidos soaria como uma prepotência e discordaria, afinal quantas pessoas que não sabem ler que eu conheço e pensam sim, que absurdo!

Acontece que antes de conhecer o renomado Saussure, tivemos há alguns dias um encontro com o revolucionário Paulo Freire que em 1981 palestrou sobre a importância de ler e nos trouxe a perspectiva da leitura de mundo anteceder a leitura do texto.

Como assim?

Neste instante, estou lendo observando um pensamento e fazendo sincronicamente a leitura do meu mundo contemporâneo, dos acontecimentos que só o meu olhar capturou e está vivência, está bagagem que encontro em minha infância, no colo de minha mãe, reproduziu em mim uma leitura única e um pensamento produzido por mim em relação á vida, o mundo, as pessoas, a sociedade e olha que até o momento não há se quer a noção da palavra, da expressão escrita e decodificada, estou apenas lendo a vida.

A frase de Saussure está correta e consegue alcançar diversas interpretações porque cada um de nós esta organizando o nosso mundo para responder de acordo com a nossa visão e este ato sem se a perceber se traduz em leitura, hoje consigo ler Saussure e entender que o meu pensamento é intimamente ligado com a leitura, atrevo-me a dizer que o ato de escrever, está ligado a vida tal qual a leitura, não se separam e nisto consiste outro pensamento de fato somos o que lemos, ou seja, se nada leio, não sou nada, ou seja, não existo.

Para uma sociedade brasileira esquecida em seus direitos de Educação para todos até essa percepção acontecer estamos na Universidade querendo resgatar a nossa noção de ser e existir e enfim chegamos á conclusão que não sabemos ao certo quando aprendemos a ler, mas lemos nossa chegada ao mundo, quando o médico nos tira do ventre de nossa mãe e com um tapinha no bumbum, nos traz uma leitura de mundo “Nem sei onde estou e já chego apanhando”.