CURIOSIDADES SOBRE A VIDA E A OBRA MUSICAL DE RAUL SEIXAS (13)

Raul Seixas é considerado um dos maiores artistas brasileiros do século XX. Um dos pioneiros ao propagar o Rock’in Roll no país ainda na década de 1960, influenciado, principalmente, pelos sons e ritmos de Elvis Presley, seu ídolo maior.

A sua obra musical, de tão autêntica e persistente, continuou a ser propagada mesmo após sua morte precoce, em agosto de 1989. Seja de maneira póstuma, Raul sempre é lembrado em eventos alusivos ao seu nascimento e morte, os quais geralmente trazem a tona alguma novidade.

A exemplo de grandes artistas mundiais, Raul Seixas tinha muito que oferecer a seu público em termos musicais, ainda por bastante tempo. Tanto é que deixou várias músicas inéditas, gravadas ou não (algumas delas, censuradas pela ditadura militar), muito material de inúmeros shows ao vivo, além de muita gravação do tipo “sobra de estúdio”.

Para deleite de seus fãs, desde 1992 já foram lançados, pelo menos, cinco discos inéditos de Raul, evidenciando assim, um repertório musical sempre vivo do Maluco Beleza.

Confiram abaixo três canções originais de Raul Seixas, três letras musicais levadas ao conhecimento do público somente após a sua morte.

FAÇA, FUCE, FORCE (1973)

Faça, fuce, force mas

Não fique na fossa.

Faça, fuce, force mas

Não chore na porta.

Faça, fuce, force vá

Derrube esta porta,

Trace, fuce, force vá

Que essa chave é torta.

Os meus fantasmas são incríveis,

fantásticos, extraordinários.

Se fantasiam de Al Capone nas noites

que tenho medo de gangsters.

Abusam de minha tendência mística,

sempre que possível...

Os meus fantasmas tornaram

a minha solidão um vício.

E minha solução um status quo.

Faça, Fuce, Force mas

Não fique na fossa.

Faça, Fuce, Force mas

Não chore na porta.

Faça, Fuce, Force vá

Derrube esta porta.

Trace, fuce, force vá

Que essa chave é torta.

Feliz por saber que só sei que não sei

Que quem sabe não fala, não diz.

Vida, alguma coisa acontece.

Morte, alguma coisa pode acontecer.

Que o mel é doce, é coisa de que me nego afirmar.

Mas que parece doce, isso eu afirmo plenamente.

Faça, fuce, force...

Faça, fuce, force...

SOU O QUE SOU (1978)

Sou o que sou

Sem mentiras pra mim,

Se você quer chegar me aceite assim,

Pois o fato é que eu sou

E não vou me negar.

Meu sangue é seu vinho

Sua carne meu corpo

Não vou me esgotar.

Mas quero de volta

Meu troco

É você ter que me aturar.

Ei, eu estou aqui bem diante de você

Em qualquer homem você há de me ver.

Ei, eu estou aqui bem diante de você

Em qualquer homem você pode me ver

Sou feito da terra

De ouro, de prata

Da lama do chão.

Mais forte que ontem,

Orgasmo do sonho

Da continuação.

Ei, eu estou aqui diante de você

Em qualquer homem você há de me ver.

Ei, eu estou aqui bem diante de você

Em qualquer homem você há de me ver.

Curiosamente, Raul preferiu não incluir essa canção no seu LP de 1978, Mata Virgem, por achá-la parecida com uma composição do cantor Belchior.

O SENHOR DA GUERRA (1988)

Muito prazer, eu sou o senhor da guerra

Eu vou lhes dizer o que a guerra encerra.

Abra os olhos, vê se presta atenção,

Atenção!

Atenção!

A guerra traz um pouco de ação

Evita a super-população,

É dinheiro pra quem sabe ganhar

E isso faz o mundo girar.

Aquele que luta pela paz

Aposto que ainda não sabe a besteira que faz.

Pois guerra é guerra

Que sacode a nossa terra,

Quem se vira aqui se ferra.

O negócio é se dar bem

Se a barra pesa

O escarola entra na reza,

Bom gorila que se presa

Não dá bola pra ninguém.

Muito prazer eu sou o senhor da guerra

E vou lhes dizer o que a guerra encerra.

Abra os olhos, vê se presta atenção

Atenção!

Atenção!

O negócio é ter o mundo na mão

É lança, arco e flecha ou canhão.

Agora nosso pique é total

Terceira estrela no sideral,

E o velho Halley que se cuide

Ou pegue o rabo e se mude.

Pois guerra é guerra

Que sacode a nossa terra,

Quem se vira aqui se ferra.

O negócio é se dar bem

Se a barra pesa

O escarola entra na reza,

Bom gorila que se presa

Não dá bola pra ninguém...